Segmentos industriais com peso nas exportações para os Estados Unidos tiveram queda de produção em agosto, ante julho, mostra comparação dos dados da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF), divulgada nesta sexta-feira (3) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com estudo do pesquisador associado do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV-Ibre) Francisco Pessoa Faria.
Na média geral, a indústria brasileira teve alta de 0,8% na produção em agosto, ante julho, após quatro meses sem crescimento. Dezesseis dos 26 ramos industriais apontaram alta, mas nove registraram queda.
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Entre as atividades no terreno negativo, a queda mais intensa foi na produção de produtos de madeira, de 8,6%. O segmento é um dos citados no estudo de Faria como de maior peso nas exportações destinadas aos Estados Unidos que estão fora da lista de exceções à tarifa adicional de 50% impostas para a importação de produtos brasileiros.
Segundo o trabalho, publicado no blog do Ibre, as exportações de produtos de madeira para os Estados Unidos representam 0,1% do valor da produção da indústria de transformação no resultado acumulado entre julho de 2024 e junho de 2025.
Outros ramos industriais citados no estudo do pesquisador do FGV Ibre por causa do peso relevante nas exportações aos Estados Unidos também aparecem com produção em queda na PIM-PF: máquinas e equipamentos (-2,2%); produtos químicos (-1,6%); máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-1,1%).
A pesquisa do IBGE também identificou recuo de 3,6% na produção de couro, artigos de viagem e calçados, indústrias cujos produtores também se mostravam preocupados com o impacto do tarifaço.
O gerente da PIM-PF, André Macedo, informou mais cedo que questões ligadas a tarifaço dos Estados Unidos aparecem em questionários pesquisa para justificar queda de produção em alguns segmentos, embora não seja possível quantificar esse impacto no resultado geral. A indústria de madeiras foi uma das citadas por Macedo.
O estudo do pesquisador associado do FGV-Ibre procura mensurar o peso das exportações para os Estados Unidos e também para a Argentina sobre o valor da produção da indústria de transformação e suas atividades.