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Trancar a Rua 13 de junho é interromper o fluxo de sangue do coração da cidade, dizem lojistas

A decisão da Prefeitura de Cuiabá de fechar a Rua 13 de Junho para veículos aos sábados e transformá-la em espaço exclusivo para a “Feira do Centro” tem gerado forte reação entre comerciantes e trabalhadores que atuam na região. Embora ninguém se declare contra a realização da feira, lojistas afirmam que a medida compromete o acesso de clientes, derruba as vendas e pode prejudicar a economia de uma das principais ruas comerciais da capital. A equipe de reportagem esteve presente no local no dia 30 de setembro e conversou com alguns comerciantes, que terão seus nomes modificados por receio de represálias.

O projeto, iniciado em setembro e já em sua terceira edição, prevê o fechamento do trecho entre a Avenida Getúlio Vargas e a Avenida Isaac Póvoas das 7h às 16h, permitindo apenas a circulação de pedestres. Para a prefeitura, a iniciativa valoriza o centro histórico e fortalece a economia popular. Mas, para comerciantes e taxistas, trancar a rua é como “interromper o fluxo de sangue” de Cuiabá.

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Segundo sondagem realizada pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) Cuiabá antes do lançamento da feira, mais da metade dos lojistas (52,8%) se posicionaram contra o fechamento da rua, e 75% reprovaram a liberação para ambulantes. A preocupação central é o impacto nas vendas, na mobilidade e na concorrência considerada desleal.

A reclamação tem sido praticamente unânime: o bloqueio da via dificulta o acesso de clientes. O comerciante Manoel relata que as vendas em sua loja caíram entre 35% e 40% apenas no último sábado (27). “Nosso cliente de sábado é o cliente de carro. Ele estaciona, compra e vai embora. Quando a rua foi trancada, esse movimento acabou. É preocupante, porque temos compromissos fixos, funcionários, impostos. Para quem monta uma barraca, qualquer venda é lucro, mas para nós uma queda de 40% pode significar muito”, alertou.

Manoel reconhece que os camelôs precisam trabalhar, mas defende alternativas: “Temos três praças importantes — República, Ipiranga e Alencastro. Ali caberia uma feira organizada, com comida, artesanato, cultura. Isso traria público sem bloquear uma via tão estratégica. Fechar a 13 de Junho, que corta duas grandes avenidas, foi um erro grave”.

A preocupação é compartilhada por outros lojistas. Marina defende que a solução está em investir nos espaços já existentes. “A 13 de Junho é fundamental para o comércio. O prefeito precisa encontrar uma adaptação junto aos comerciantes, pensar em revitalizar as praças, melhorar as calçadas, ali tem sombra, tem banquinhos, é colocar umas mesas, assim como o Sesc faz. Assim favorece camelôs e clientes sem prejudicar quem já está aqui há décadas”, afirmou.

Outro comerciante também questionou a condução do diálogo pela gestão municipal. “O prefeito fala que todo mundo está a favor, mas só conversa com quem concorda. Se é para fazer um teste, que faça nas praças, não numa via tão importante. Assim beneficiaria todo mundo”, disse.

Um ponto bastante delicado encontrado pela reportagem é a situação dos taxistas, que têm ponto fixo na Rua 13 de Junho. Valdomiro Alves da Silva, que atua há mais de 20 anos na região, afirma que perdeu clientes desde a mudança. “As corridas sumiram. O passageiro procura o táxi no ponto de sempre, não encontra e vai embora. Fomos jogados no sol, em local ruim para os idosos subirem. A solução é simples: devolver nosso ponto e liberar a rua para todos trabalharem”, defendeu.

Enquanto isso, os camelôs apontam ganhos incertos. “No primeiro sábado o movimento foi muito bom, realmente no último sábado fechamos algumas barracas antes do horário previsto, pode ser que seja por que é final de mês e o pessoal está sem dinheiro, precisamos esperar o próximo sábado para ver como vai ser o movimento”, disse uma vendedora que não quis ser identificada.

Antes mesmo do lançamento da feira, a CDL Cuiabá já havia alertado sobre os riscos do projeto. Pesquisa feita pela entidade apontou que 52,8% dos lojistas são contra o fechamento da rua e 75% reprovam a liberação para ambulantes. O presidente da entidade, Júnior Macagnam, destacou que é preciso proteger empregos formais. “Entendemos a importância dos ambulantes, mas a solução não pode prejudicar milhares de comerciários que dependem do fluxo do centro”, disse.

A feira já chega à sua terceira edição neste sábado (4), mas o impasse segue sem solução. Para lojistas e trabalhadores, a prefeitura insiste em um modelo que privilegia uns e ignora outros. O apelo agora é por diálogo e alternativas, antes que uma medida criada para valorizar o centro acabe esvaziando a economia da própria região

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