O mercado brasileiro de soja acompanhou a sinalização externa e registrou, em setembro, um mês de recuo nos preços. A consequência imediata foi a desaceleração na comercialização, com produtores segurando a oferta e aguardando cenários mais favoráveis, mesmo que os fundamentos do mercado não indiquem recuperação imediata. As informações são da consultoria Safras & Mercado.
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Cotações de soja
- Passo Fundo (RS): caiu de R$ 134,00 para R$ 129,00
- Cascavel (PR): caiu de R$ 135,00 para R$ 132,00
- Rondonópolis (MT): caiu de R$ 126,00 para R$ 123,00
- Porto de Paranaguá (PR): recuo de R$ 4,00, para R$ 136,00
Soja em Chicago
No mercado internacional, os contratos da Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT) com vencimento em novembro caíram 5%, encerrando o mês em US$ 10,01 3/4 por bushel. A pressão sobre os preços segue ligada ao avanço da colheita americana, à menor demanda chinesa e à eliminação temporária das retenciones argentinas, que levou compradores do país asiático a agendar pelo menos 40 cargas na Argentina.
O câmbio também contribuiu para o cenário desafiador. Em setembro, o dólar desvalorizou 1,84%, fechando a R$ 5,32, pressionado pelo diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos, que tem incentivado a entrada de capital especulativo no país.
Exportações e safra brasileira
Apesar do recuo nos preços, o Brasil colheu em 2025 uma safra recorde de soja, garantindo o cumprimento de seus compromissos comerciais, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove). A entidade, representada por Daniel Amaral, destacou o aumento projetado do esmagamento de soja, com maior oferta de farelo e óleo.
Para o analista da Safras & Mercado, Rafael Silveira, 2025 foi um ano de forte volatilidade. “Tivemos oferta recorde de soja brasileira, próxima de 172 milhões de toneladas, e preços relativamente bons, apesar da pressão da oferta. As exportações devem chegar a 105 milhões de toneladas”, disse. A previsão para 2026 é de outra safra recorde, de aproximadamente 180 milhões de toneladas, com expansão moderada da área plantada devido aos altos custos de produção e às taxas de juros.
USDA e estoques americanos
Nos Estados Unidos, os estoques trimestrais de soja, na posição de 1º de setembro, totalizaram 316 milhões de bushels, abaixo da expectativa de 322 milhões, representando queda de 8% em relação a 2024. Do total, 91,5 milhões de bushels estão com produtores, queda de 18%, enquanto os estoques fora das fazendas somam 225 milhões, com baixa de 3%.
O USDA elevou a estimativa para a safra americana de soja de 2024 para 4,274 bilhões de bushels, revisou a área plantada para 87,3 milhões de acres e a colhida para 86,2 milhões, mantendo a produtividade em 50,7 bushels por acre.
A divulgação de novos relatórios está suspensa devido à paralisação do governo federal. Conforme o plano de contingência do USDA, a maioria dos funcionários está em licença não remunerada, e o relatório mensal de oferta e demanda agrícola mundial (WASDE), previsto para 9 de outubro, não será publicado.