O governador Mauro Mendes (União Brasil) tentou impedir, na quarta-feira (22), a votação do projeto de lei que concede reajuste salarial de 6,8% aos servidores do Poder Judiciário de Mato Grosso. A ação, segundo fontes políticas, foi motivada pelo temor de um “efeito cascata” que poderia atingir outros poderes, especialmente em ano pré-eleitoral.
Na semana anterior, o vice-líder do Governo na Assembleia, deputado Beto Dois a Um (PSB), já havia sinalizado resistência ao projeto ao pedir vista da matéria. A proposta, de autoria do Tribunal de Justiça, prevê a alteração da lei que institui o Sistema de Desenvolvimento de Carreiras e Remuneração (SDCR) dos servidores do Judiciário.
Para evitar a votação, Mauro Mendes convocou deputados aliados ao Palácio Paiaguás no mesmo horário da sessão ordinária. O encontro teria como pauta oficial a revisão do projeto da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2026, alvo de críticas por conter valores considerados subestimados.
Durante a reunião, o governador alertou os parlamentares de que a aprovação do reajuste poderia gerar um “descompasso financeiro” no Estado, com impacto superior a R$ 1,4 bilhão, caso o aumento fosse estendido a servidores do Executivo, Legislativo, Tribunal de Contas, Ministério Público e Defensoria Pública.
O movimento foi duramente criticado pela deputada Janaina Riva (MDB), que acusou o governador de pressionar a base e afirmou que “Mauro Mendes não gosta do servidor público”. A parlamentar defendeu a apreciação da matéria e destacou que o Governo estadual permaneceu mais de dois anos sem conceder reajustes, mesmo durante o recebimento de recursos federais para compensar perdas da pandemia.
Em meio a protestos do líder do Governo, Dilmar Dal’Bosco (União), e divergências sobre a contagem de votos, o projeto foi aprovado em primeira votação por 8 votos favoráveis, 6 contrários e uma abstenção. O presidente da Assembleia, deputado Max Russi (PSB), destacou que a proposta ainda passará por segunda votação e pode receber emendas.
A nova apreciação do Projeto de Lei nº 1398/2025 foi adiada para a próxima quarta-feira (29). Até lá, o Governo deve continuar tentando articular sua base para reverter o resultado e evitar um embate político direto com o Judiciário e demais categorias do funcionalismo público estadual. Com as informações do Diário de Cuiabá.