O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conseguiu trocar o senador Nelsinho Trad (PSD-MS), de perfil independente, por Angelo Coronel (PSD-BA), que é mais fiel ao Planalto, garantindo a maioria entre os titulares da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que deve apurar a atuação do crime organizado no Brasil. Planalto e oposição devem disputar por meio do voto a presidência do colegiado e o relator escolhido deve ser o senador Alessandro Vieira (MDB-SE).
A oposição contava com Trad para votar com eles e, assim, conseguir a maioria dos votos na comissão. O senador do PSD é independente e geralmente vota com o governo, mas parlamentares da oposição avaliavam que ele iria contrariar o Executivo desta vez de olho nas eleições no Mato Grosso do Sul em 2026. No Estado, a maioria dos eleitores se classificam como de direita.
De olho nisso, o governo pressionou para que o PSD trocasse Trad por alguém com perfil mais governista, segundo apurou o Valor. O baiano Angelo Coronel também é independente, mas com maior tendência a votar com o Planalto.
Com Coronel, o Executivo tem seis votos entre os 11 titulares do colegiado e, a oposição, cinco. Nas sessões da CPI, entretanto, esse número pode mudar com a substituição de titulares que faltam por suplentes com outros perfis.
O Executivo também quer garantir o comando dos trabalhos com a presidência. Pelo governo, disputará o cargo o senador Fabiano Contarato (PT-ES) e, pela oposição, será o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS).
Os membros do colegiado se reuniram de forma reservada antes do início da sessão, mas não chegaram a um acordo para a eleição do presidente. Logo, a escolha do senador para ocupar esta oposição será feita por meio do voto.
Como mostrou o Valor, o Planalto está preocupado com um possível impacto negativo da CPI do Crime Organizado na imagem de Lula, de olho nas eleições de 2026. Por conta disso, apontou nomes de peso para integrar o colegiado.