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Análise: Apelo do presidente da COP30 lembra que mudança virá por “escolha ou catástrofe” | Brasil

  • Veja a íntegra da visão da presidência brasileira da COP30

Para onde se olhe, há problemas. A capital paraense não tem estrutura mínima para receber o evento. Os principais doadores do financiamento climático global (Estados Unidos e Europa) não querem saber de clima nestes dias tensos (muito menos de COP). O fluxo de recursos internacionais segue indo para o lugar errado (subsídios aos combustíveis fósseis) e os bancos internacionais deram para trás em suas promessas. A cooperação internacional está travada. A agenda da conferência não persegue um grande objetivo como o financiamento, da COP 29, em Baku. A COP 30 acontece em um momento em que a crise climática se agravou e acelerou. As conferências climáticas falam uma língua alienígena para as pessoas nas cidades, nas zonas rurais, nas florestas. Cresce o número de negacionistas, críticos, desesperançados, oportunistas e cínicos.

Há, como sempre, outras faces da questão. Conduzida pela equipe do embaixador André Corrêa do Lago, há 25 anos negociador de clima, e pela economista Ana Toni, CEO da COP e com boas relações com filantropos, ambientalistas, empresários e acadêmicos no Brasil e no exterior, a COP 30 tem liderança habilidosa e respeitada.

Em outra ponta, a sociedade civil brasileira é forte, historicamente ativista e pode inspirar outras. A mobilização é um caminho para pressionar governos a fazer muito mais. É preciso criar o momento oportuno para uma virada nesta trajetória, aposta Corrêa do Lago, ter e promover ideias inovadoras. Foi uma adolescente de tranças e cartaz escrito à mão, que chamou a atenção do mundo ao sentar-se às sextas-feiras nos degraus do Parlamento sueco, fazer greve escolar e cobrar ação dos governos. Greta Thunberg tinha só 15 anos e provocou um terremoto na consciência do mundo sobre a crise do clima.

A primeira carta do presidente da COP 30 cumpre esse papel: inspira.

Sua principal mensagem é chamar governos, sociedades e empresas a, juntos, formar uma aliança para salvar as cidades, a economia, a vida. Lembra que este é o ano em que se celebra o 80º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial, quando as nações se uniram e criaram a ONU. Cita Hannah Arendt, a filósofa germano-americana que denunciou a “banalidade do mal” como a aceitação do que era inaceitável no Holocausto causado pelo nazismo. “Agora, estamos enfrentando a “banalidade da inação”, uma inação irresponsável e também inaceitável”, diz Corrêa do Lago.

A COP30, diz a carta, ocorre no epicentro da crise climática: com a confirmação de que 2024 foi o ano mais quente já registrado globalmente e o primeiro em que a temperatura média global ultrapassou 1,5°C acima de níveis pré-industriais. O maior emissor histórico e um dos grandes doadores de recursos financeiros, os Estados Unidos, sairá do Acordo de Paris. Os países europeus, na vanguarda das iniciativas climáticas, estão acuados pela guerra na Ucrânia e as pressões de Donald Trump.

“Não podemos desanimar”, disse Corrêa do Lago ao apresentar a carta a um grupo de jornalistas. “A mudança é inevitável – seja por escolha ou por catástrofe. Se o aquecimento global não for controlado, a mudança nos será imposta, ao desestruturar nossas sociedades, economias e famílias. Se, em vez disso, optarmos por nos organizar em uma ação coletiva, teremos a possibilidade de reescrever um futuro diferente. Mudar pela escolha nos dá a chance de um futuro que não é ditado pela tragédia, mas sim pela resiliência e pela agência em direção a uma visão que nós mesmos projetamos”, diz a carta.

O Brasil se empenhará para construir o mapa do caminho que faça com que o mundo em desenvolvimento receba US$ 1,3 trilhão anual, em 2035, para descarbonizar e se adaptar aos impactos do clima. Convocará filósofos, acadêmicos e líderes religiosos para, juntos, discutirem um Balanço Ético Global que leve a humanidade a algum futuro. Os diplomatas brasileiros estarão nos principais eventos globais – reuniões do FMI, do Banco Mundial, da Assembleia Geral das Nações Unidas – para não deixar o tema perder a centralidade que tem que ter, e extravasar das salas das COPs climáticas para todos os fóruns de decisão.

A experiência do G20, de juntar ministros das Finanças, Meio Ambiente, Relações Internacionais e presidentes de Bancos Centrais para discutir clima, será replicada. O grupo dos Brics, que tem presidência brasileira este ano, já trilha esta rota e pede que os compromissos climáticos do bloco (as NDCs), sejam muito mais ambiciosos.

São 12 páginas de um texto que merece ser lido. Passa, contudo, ao longe do elefante na sala da crise do clima — como o mundo deve se afastar dos combustíveis fósseis, algo decidido em Dubai, na COP 28, e que não avançou um palmo. É o telhado de vidro do governo Lula. Se a ministra Marina Silva, do Meio Ambiente, vem conseguindo bons resultados em reduzir e combater o desmatamento, o presidente Lula parece convencido de que é preciso pesquisar (e encontrar) petróleo nas águas do mar à frente de estados amazônicos — 2026 é ano de eleições.

Corrêa do Lago diz, propriamente, que esta é uma discussão que deve envolver as sociedades, no Brasil e em outros países – fura-se mais petróleo ou não?

Uma das frases mais eloquentes da carta do presidente da COP 30 diz: “Ao reconhecermos que somos todos interdependentes na luta contra a mudança do clima, devemos reconhecer que a comunidade internacional é tão forte quanto seu elo mais fraco.”

As respostas terão que vir de fora e mais do que nunca, é preciso um mutirão global. Não é só o sucesso da COP30 que depende disso.

.Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, eo presidente da COP30, André Correa do Lago — Foto: Foto: Fernando Donasci/MMA

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