Sinop, 08/07/2025 13:58

Juros futuros caem com dado de produção industrial no radar | Finanças

Os juros futuros encerraram o pregão desta terça-feira (11) em queda robusta, concentrada nos vértices de longo prazo da curva a termo, que devolveram toda a alta observada na véspera após as taxas terem sido contaminadas pelo estresse dos mercados globais, em meio a temores de que a economia dos Estados Unidos enfrente uma recessão em breve.

Por aqui, a atividade econômica deu mais sinais de desaceleração com o resultado abaixo do esperado do setor industrial, o que levou o mercado a moderar a sua expectativa para o ciclo de aperto monetário do Banco Central, a uma semana do início da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da autarquia.

Ao fim do pregão, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento de janeiro de 2026 teve queda de 14,80%, do ajuste anterior, para 14,72%; a do DI de janeiro de 2027 cedeu de 14,705% a 14,535%; a do DI de janeiro de 2029 recuou de 14,70% para 14,48% e a do DI de janeiro de 2031 anotou forte baixa de 14,82% para 14,59%.

O movimento do mercado local foi na contramão dos títulos do Tesouro americano (Treasuries) americanos, cujos rendimentos (yields) subiram em meio à imposição de tarifas adicionais do governo de Donald Trump contra o Canadá. Assim, a taxa da T-note de dez anos subiu de 4,216% a 4,285%.

No dia seguinte ao amplo estresse que afetou os mercados globais e levou o índice Nasdaq, da bolsa de Nova York, ao seu pior pregão desde setembro de 2022, as taxas domésticas mais do que devolveram a alta, dando sequência à tendência recente de redução do prêmio de risco precificado na curva a termo.

Embora incertezas tenham surgido no cenário – principalmente no exterior com a política tarifária dos Estados Unidos – a expectativa por um ciclo mais prolongado de corte de juros pelo Federal Reserve (Fed) e uma alta da Selic menos intensa tem apoiado o movimento de queda dos juros futuros, em meio à ausência de novidades mais concretas na agenda fiscal do governo.

Para José Monforte, gestor de juros e moedas da Vinland Capital, o bom desempenho da curva de juros futuros nos primeiros meses de 2025 corre risco de arrefecer a depender da evolução dos quadros doméstico e externo. Por isso, embora mantenha um posicionamento aplicado (que ganha com a queda das taxas) na renda fixa local, ele afirma que a gestora passou a operar de forma mais tática em março.

“As incertezas aumentaram, há uma reprecificação importante de ativos de risco acontecendo no momento e a nossa posição reflete esses riscos crescentes”, diz Monforte, em call mensal da Vinland Capital, realizado hoje.

Do lado macroeconômico, a produção industrial do Brasil ficou estável entre dezembro e janeiro, resultado que contrariou a expectativa de alta de 0,4%, conforme a mediana de analistas consultados pelo Valor Data. O dado se junta a outros números recentes da atividade brasileira que sugeriram uma perda de impulso no começo deste ano.

Na avaliação do diretor de investimentos (CIO) da WHG, Andrew Reider, as recentes surpresas negativas da atividade brasileira são boas para o mercado, uma vez que permitem que os investidores tenham mais clareza quanto ao tamanho do ciclo de aperto monetário do BC. Isso, por sua vez, permite a descompressão da curva de juros futuros, à medida que o BC deixa de ter de subir a taxa Selic “no escuro” por conta do avanço persistente das expectativas de inflação.

A uma semana do início da reunião do Copom, a curva de juros futuros precifica uma taxa Selic ao redor de 15,25% ao fim do ciclo de aperto do Copom. No próximo dia 19, o colegiado deve seguir a orientação que deu em dezembro e confirmar o aumento de 1 ponto percentual dos juros, para o patamar de 14,25%.

“Mas o Brasil é sempre mais complicado do que isso”, diz Reider, que teme “medidas heterodoxas” do governo para tentar segurar a atividade econômica e reverter ao menos parte da perda de popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)

“Então, a gente talvez tenha que coexistir com um juro mais alto por mais tempo e desancorar um pouco a inflação (da meta de 3%), por uma atividade que não piora tanto quanto provavelmente deveria”, diz o CIO da WHG, também em call mensal da gestora.

— Foto: Karolina Grabowska/Pexels

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