Presente principalmente na região Sul do Brasil, a cravorana, também conhecida como losna-do-campo, tem ganhado espaço nos sistemas de produção, especialmente na cultura da soja. Com crescimento rápido e porte variável entre 15 cm e 1,5 m (Up. Herb, 2024) essa planta tem se tornado cada vez mais frequente na pós-emergência da soja, competindo com a cultura por água, luz e nutrientes. Embora diversas espécies de cravorana sejam encontradas no Brasil, a mais comum em sistemas agrícolas é Ambrosia artemisiifolia L.
Figura 1. Estádios fenológicos observados em plantas de Ambrosia artemisiifolia.
A produção de sementes por planta pode chegar a 4.000/ciclo (Borsato & Penckowski, 2019). As sementes são facilmente dispersas e a luz estimula a geminação delas, conduto, sabe-se que as sementes de losna-do-campo podem germinar em profundidades de até 6 a 8 cm. As sementes germinam o ano todo, mas preferencialmente na primavera, estimuladas por temperaturas, entre 15ºC e 20°C (Gazziero et al., 2024). Essas características dificultam o controle efetivo dessa planta daninha, o que torna a losna-do-campo, uma planta persistente em áreas agrícolas.
Mesmo sem casos de resistência de Ambrosia artemisiifolia L., a herbicidas no Brasil (Heap, 2025), há relatos de falhas de manejo e dificuldades de controle dessa planta daninha, principalmente relacionado ao uso do herbicida glifosato. Além dos danos diretos causados pela matocompetição com as culturas agrícolas, de acordo com Formigheiri et al. (2018) exsudatos radiculares de Ambrosia artemisiifolia L., podem afetar negativamente o vigor de sementes, especialmente se tratando da cultura do milho, prejudicando assim o estabelecimento da lavoura. Ao analisar a influência do extrato aquoso da parte aérea da planta daninha sobre as culturas da soja e milho, os autores também observaram que ambas as culturas apresentam sensibilidade aos efeitos alelopáticos do extrato.
Figura 2. – Germinação (%) de sementes de milho e soja, primeira contagem (efetuada quatro e cinco dias após a semeadura para milho e soja, respectivamente), em função de diferentes concentrações de extrato aquoso da parte aérea de Ambrosia artemisiifolia L.

Controle
Considerando a importância de se controlar a losna-do-campo antes do estabelecimento das culturas agrícolas, estratégias como o controle pré-semeadura, a associação entre herbicidas e/ou o emprego de aplicações sequenciais podem ser importantes estratégias para reduzir as populações de losna-do-campo.
Nesse contexto, o glifosato associado a herbicidas auxínicos e/ou herbicidas inibidoras da enzima protoporfirinogenio oxidase, seguidos pela aplicação sequencial de herbicidas inibidores da fotossíntese ao nível do fotossitema I (diquat) ou herbicidas inibidores da enzima glutamina sintetase (glufosinato de amônio), são alternativas de controle eficientes para a losna-do-campo.
Resultados de pesquisas realizadas pela CCGL demonstram que controles iguais ou superiores a 90% da losna-do-campo no período inicial do seu desenvolvimento (± 20 cm) são obtidos com aplicações únicas com glifosato + 2,4-D + saflufenacil (35 g ha-1) + imazetapir; glifosato + 2,4-D + flumioxazina + imazetapir e com glifosato + 2,4-D + saflufenacil (35 g ha-1) + diclosulam. Já na losna-do-campo com ± 35 cm de altura são eficazes glufosinato, glifosato + 2,4-D + glufosinato, glifosato + 2,4-D + saflufenacil (49 g ha-1) e glifosato + triclopir + saflufenacil (49 g ha-1). Além disso, destaca-se que a aplicação sequencial com glufosinato amplia as opções de associações de produtos na primeira aplicação, contribuindo para níveis de controle acima de 90 % (Bianchi, 2020).
Contudo, vale destacar que o uso dos herbicidas na pós-emergência da soja está condicionado a biotecnologia empregada na cultivar (tolerância a herbicidas). No entanto, de maneira geral, o controle da losna-do-campo deve ser focado em alternativas pré-emergentes, reduzindo assim os fluxos de emergência dessa planta daninha, e diminuindo assim, não só a matocompetição, como também a interferência no estabelecimento da lavoura.
Referências:
BIANCHI, M. A. DESSECAÇÃO DE LOSNA-DO-CAMPO (Ambrosia elatior). CCGL, Boletim Técnico, n. 83, 2020. Disponível em: < https://www.upherb.com.br/ebook/Boletim%20T%C3%A9cnico%2083%20(M.Bianchi,%202020).pdf >, acesso em: 13/03/2025.
BORSATO, E. F.; PENCKOWSKI, L. H. CRAVORANA, ESPÉCIE QUE PODE SE TORNAR UM PROBLEMA NA SUA LAVOURA! Revista FABC, 2019. Disponível em: < https://fundacaoabc.org/wp-content/uploads/2020/07/201909_revista.pdf >, acesso em: 13/03/2025.
FORMIGHEIRI, F. B. et al. ALELOPATIA DE Ambrosia artemisiifolia NA GERMINAÇÃO E NO CRESCIMENTO DE PLÂNTULAS DE MILHO E SOJA. Revista de Ciências Agrárias, 2018. Disponível em: < https://www.cabidigitallibrary.org/doi/pdf/10.5555/20203412041 >, acesso em: 13/03/2025.
GAZZIERO, D. L. P. et al. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO DE PLANTAS DANINHAS DA CULTURA DA SOJA. Embrapa, Documentos, n. 274, 2024. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1166619/1/DOC-274-3-ed.pdf >, acesso em: 13/03/2025.
HEAP, I. THE INTERNATIONAL HERBICIDE-RESISTANT WEED DATABASE, 2024. Disponível em: < https://weedscience.org/Pages/Species.aspx >, acesso em: 13/03/2025.
UP. HERB. PLANTAS DANINHAS: CRAVORANA. Up. Herb: Academia das Plantas Daninhas, 2024. Disponível em: < https://www.upherb.com.br/int/cravorana>, acesso em: 13/03/2025.
ZUCCO, F. CARACTERIZAÇÃO DO CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DE Ambrosia artemisiifolia L. (CRAVORANA). Universidade Federal de Santa Catarina, Trabalho de Conclusão de Curso, 2023. Disponível em: < https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/247232/TCC_Flavia_assinado.pdf?sequence=1&isAllowed=y >, acesso em: 13/03/2025.
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