Pelo menos 15 mil pessoas foram afetadas na localidade equatoriana de Quinindé (noroeste) devido ao “pior” derramamento de petróleo da última década registrado nessa região costeira, que contaminou cinco rios, informou nessa segunda-feira o prefeito Ronald Moreno.
De acordo com as primeiras investigações, um deslizamento de terra causado por fortes chuvas danificou um oleoduto do estatal Sistema de Oleoduto Transequatoriano (Sote) na semana passada, provocando o vazamento de dezenas de milhares de barris de petróleo. O óleo atingiu afluentes que atravessam a província de Esmeraldas, que faz fronteira com a Colômbia e está localizada à beira do Pacífico.
“Estamos com 4.500 famílias afetadas, ou seja, cerca de 15 mil cidadãos que, neste momento, praticamente não conseguem nem respirar”, afirmou Moreno em entrevista ao canal Ecuavisa.
Dessas famílias, cerca de duas mil vivem às margens de vários rios, que agora apresentam manchas negras e oleosas.
O vazamento atingiu pelo menos cinco afluentes que deságuam no Pacífico, afetando comunidades que sobrevivem da pesca artesanal. Embarcações ancoradas e suas redes de pesca foram cobertas por manchas escuras de petróleo, segundo constatou a AFP.
“Depois de alguns dias, se isso continuar assim, ninguém mais poderá pescar, e esse é o nosso sustento”, disse Luis Cabezas, morador de Rocafuerte. Ele acrescentou que, na região, “nove embarcações e suas redes estão cobertas de petróleo” devido à contaminação, causando prejuízos de cerca de US$ 50 mil.
No povoado de Camarones, a mancha de petróleo impede a saída das embarcações para o mar, afirmou Moisés Espinoza, destacando que “não há produto (pesca)”. “De que as pessoas vão viver?”, questionou.
Este é “o pior derramamento de petróleo que tivemos nos últimos tempos”, acrescentou o prefeito Moreno, lembrando que três desastres semelhantes ocorreram nos últimos oito anos.
O derramamento de quinta-feira, ocorrido no setor El Vergel, em Quinindé — a área mais afetada —, causou estragos ao longo de 32 quilômetros em cinco rios, segundo as autoridades locais.
As famílias que vivem nas margens “não têm água e não conseguem realizar suas atividades básicas de agricultura (…). A emissão desses gases impede que permaneçam em suas casas”, relatou Moreno.
O Comitê de Operações de Emergência Nacional (COE) informou, no domingo, que o Ministério do Meio Ambiente deve declarar “emergência ambiental” em toda a província e no Refúgio de Vida Silvestre Manglares Estuário do Rio Esmeraldas, habitat de mais de 250 espécies, incluindo lontras, macacos bugios, tatus, fragatas e pelicanos.
Além disso, determinou o fechamento temporário das praias Las Palmas, Camarones e Las Piedras.
Em 2024, o Equador extraiu cerca de 475 mil barris de petróleo por dia, sendo essa uma de suas principais exportações.