Em comunicado ao conselho diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AEIA) na manhã desta sexta-feira, seu diretor-geral, Rafael Grossi, informou que as autoridades iranianas responsáveis pela gestão das instalações nucleares do país reportaram que uma delas, a de Natanz, foi atingida pelos ataques israelenses. Até o momento, porém, não há um patamar de radiação elevada na região.
Segundo as mesmas autoridades informaram à AEIA, as duas outras instalações nucleares do país, Esfahan e Fordow, não foram atingidas.
O ataque de Israel foi precedido pela aprovação, no Conselho diretor na AIEA, de um voto de censura ao Irã pela constatação dos técnicos da agência, em relatório, de que o país, em três meses, aumentou em 50% a quantidade de urânio enriquecido.
Hoje o país teria 408 kg de urânio enriquecido a 60% e nega que tenha se desvirtuado da energia nuclear para fins pacíficos (42 kg enriquecidos a 90% são necessários para a bomba atômica).
O vazamento do relatório no dia 31 de maio levou Israel a cobrar uma reação ao Irã. Doze dias depois o conselho o aprovou e, em seguida, veio o ataque. Israel valeu-se da violação de um compromisso do qual, ao contrário do Irã, não é signatário, o Tratado de Não-Proliferação Nuclear, para atacar aquele país. Ao lado de India, Paquistão e Coreia do Norte, Israel integra o conjunto de países que têm armas nucleares embora não o reconheça.
“Esses acontecimentos são profundamente preocupantes. Tenho reiterado que instalações nucleares nunca devem ser atacadas, em quaisquer circunstâncias, pelo dano às pessoas e ao meio ambiente. Esses ataques têm sérias implicações para a segurança nuclear e para as salvaguardas, bem como para a paz mundial”, diz Grossi no comunicado.
No mesmo pronunciamento, Grossi lembrou que resoluções da ONU já estabeleceram que todo ataque a instalações nucleares para fins pacíficos constitui grave violação aos princípios das Nações Unidas, às leis internacionais e ao estatuto da AIEA.