Brasil segue sem grau de investimento; Fitch destaca dívida alta e risco fiscal

A agência de classificação de risco Fitch Ratings manteve a nota da dívida soberana do Brasil dois níveis abaixo do grau de investimento, reafirmando a perspectiva estável para o país — o que sinaliza que não há previsão de mudança na avaliação no curto prazo.

O grau de investimento é uma espécie de “selo de bom pagador” que indica baixo risco de calote. Estar abaixo desse patamar significa que, para a Fitch, o Brasil ainda apresenta riscos significativos para os investidores.

Em comunicado, a agência apontou quatro fatores principais para a decisão:

• o alto e crescente nível da dívida pública,
• a rigidez orçamentária,
• as baixas notas de governança,
• e o baixo crescimento potencial da economia.

A Fitch também destacou que as eleições presidenciais de 2026 podem adiar a adoção de medidas estruturais para conter o avanço das contas públicas. Além disso, mencionou a relação conturbada entre o governo federal e o Congresso Nacional, o que pode dificultar a aprovação de reformas fiscais importantes.

Até o momento, o Ministério da Fazenda não se pronunciou sobre a decisão da agência.

Histórico recente

Em julho de 2023, a Fitch elevou a nota do Brasil, mas ela permaneceu dois degraus abaixo do grau de investimento. A perspectiva estável foi mantida desde então.

Outras agências de risco adotaram avaliações semelhantes. A S&P Global, por exemplo, melhorou a nota do Brasil em dezembro de 2023, também para dois níveis abaixo do grau de investimento, e manteve esse patamar em revisão recente. A nota brasileira chegou a estar três níveis abaixo em 2018.

Já a Moody’s, no fim de maio deste ano, rebaixou a perspectiva da nota brasileira de positiva para estável, frustrando expectativas de que o país poderia recuperar o grau de investimento até o fim do atual governo. A nota da Moody’s segue um nível abaixo do grau de investimento.