Após cobranças públicas do prefeito Abilio Brunini (PL) sobre os baixos índices de alfabetização na rede municipal de ensino, a Secretaria de Educação de Cuiabá anunciou, nesta sexta-feira (18), a criação de uma força-tarefa voltada ao reforço de Português e Matemática nas escolas públicas. A iniciativa deve começar em agosto e se estender pelos meses seguintes como parte de um plano emergencial para corrigir defasagens de aprendizagem, especialmente entre os alunos que ainda não foram alfabetizados na idade adequada.
O anúncio foi feito pelo secretário municipal de Educação, Amauri Monges, que buscou dar uma resposta às cobranças públicas feitas por Abilio na véspera. Em entrevista à imprensa, o prefeito demonstrou forte insatisfação com o desempenho da pasta e cogitou ampliar parcerias com a iniciativa privada caso os resultados da educação pública não melhorem.
“É investimento quando há resultado”, afirmou Abilio, citando dados que mostram que metade das crianças da rede municipal não são alfabetizadas no tempo certo e que 46% concluem o ensino fundamental sem domínio básico de leitura e cálculo.
A repercussão foi imediata entre os profissionais da educação, especialmente porque a fala do prefeito ocorreu em meio ao desgaste causado pela tentativa da prefeitura de cortar o pagamento do terço de férias dos professores durante o recesso de julho — medida que acabou retirada de pauta após mobilização da categoria.
Em seu posicionamento nesta sexta-feira, Monges afirmou que o pagamento do terço de férias foi garantido sem comprometer o orçamento da pasta. “Nós vamos reduzir ao mínimo o impacto que isso vai causar”, pontuou. Ele ressaltou, porém, que o foco da gestão agora é pedagógico: “Montamos um plano para o segundo semestre com sala de reforço e uma força-tarefa de Português e Matemática em agosto, setembro e outubro para recuperar nossos estudantes que infelizmente não foram alfabetizados na idade certa”.
O secretário demonstrou otimismo em relação à recuperação dos indicadores. “Vamos conseguir, com o apoio de todo mundo — nossos professores, profissionais de educação — fazer o melhor investimento que Cuiabá já teve na Educação. Vamos ser referência em pouco tempo”, declarou.
As falas do prefeito, no entanto, continuam a reverberar no setor. Abilio chegou a afirmar que seria mais eficiente e barato matricular os alunos na rede privada, o que acentuou o temor de que sua gestão esteja ensaiando um processo de terceirização da educação pública municipal.
Além disso, prometeu ampliar a fiscalização sobre o uso de recursos pelas unidades escolares e cobrou maior envolvimento dos sindicatos com os resultados de aprendizagem. “São ótimos para cobrar direitos, mas péssimos para apresentar resultados”, disse.
