Sinop, 20/07/2025 22:30

o som do campo que conquistou o Brasil

Nos últimos anos, um novo estilo musical começou a ganhar espaço nas playlists, nas redes sociais, nas festas do interior e, mais recentemente, nos palcos do Brasil inteiro. O agronejo, termo criado da fusão entre “agro” e “sertanejo”, representa muito mais que um gênero musical. Ele é a voz contemporânea do campo, uma manifestação cultural que coloca o agronegócio, os jovens rurais e a vida no interior no centro das atenções.

Embora seja uma evolução natural do sertanejo universitário, o agronejo surge com características próprias: ele tem raízes no agro, letras que exaltam a vida no campo, o trabalho com a terra, os rodeios, os tratores, o gado, e até o amor vivido nas estradas de chão. É o estilo musical que mais cresce entre o público jovem do agro, e Ana Castela é, sem dúvida, a principal representante desse movimento.

Ana Castela: a boiadeira que virou fenômeno

Com apenas 20 anos, Ana Castela se tornou o rosto e a voz do agronejo. Natural de Sete Quedas, em Mato Grosso do Sul, a artista começou a se destacar com vídeos nas redes sociais cantando sobre a vida na fazenda, com um estilo que mesclava romantismo, ritmo moderno e identidade rural.

Seu primeiro grande sucesso foi “Boiadeira”, música que se tornou um hino para uma nova geração de jovens do campo e viralizou nas redes:

“Sou da vida do campo, da lida e do gado / Sou raiz de verdade, chapéu e cavalo”Ana Castela, “Boiadeira”

Desde então, a artista acumula hits, parcerias com grandes nomes como Luan Pereira, Léo & Raphael, Simone Mendes e Gustavo Mioto, e milhões de ouvintes nas plataformas de streaming. Mas mais do que sucesso comercial, Ana representa uma mudança de narrativa: o campo, antes retratado de forma idealizada ou distante, agora ganha voz jovem, moderna e cheia de orgulho de suas raízes.

Onde nasceu o agronejo?

O agronejo nasce no berço da nova juventude rural brasileira, que cresceu conectada, consumindo internet e redes sociais, mas sem abandonar sua cultura agropecuária. É um reflexo direto da transformação do campo, onde o trator é guiado por GPS, mas a trilha sonora continua sendo o sertanejo.

Esse movimento se intensificou a partir de 2020, durante e após a pandemia, quando muitos influenciadores rurais começaram a se destacar no TikTok, Instagram e YouTube com vídeos sobre a rotina no campo, tocando músicas com estética agro. Foi nesse cenário que músicos passaram a criar letras com forte ligação com a produção rural, o rodeio, o agro business e os valores da vida simples no interior.

O agronejo não é uma ruptura com o sertanejo, é uma atualização, uma nova fase que fala com um público específico e crescente: os jovens do agro, que hoje movimentam a economia rural e também as plataformas digitais.

Amor, agro, rodeio e trator

Ao ouvir as músicas de artistas como Ana Castela, Luan Pereira, AgroPlay, Neto & Henrique e DJ Chris no Beat, fica clara a identidade do agronejo. As letras falam de:

  • Rotina rural: ordenha, colheita, vida na fazenda.
  • Tecnologia no campo: tratores modernos, caminhonetes, maquinário agrícola.
  • Relações amorosas no interior: paixões vividas entre currais e estradas.
  • Orgulho agro: valorização do produtor rural, da lida, da roça e do trabalho honesto.
  • Estética de rodeio: chapéu, fivela, botas, cavalos, festas sertanejas.

O agronejo e o agro: conexão além da música

A relação entre agronejo e agronegócio vai muito além do tema das músicas. Trata-se de um movimento que fortalece a imagem positiva do agro, especialmente entre os jovens urbanos. Ao colocar o campo como símbolo de força, tradição e inovação, o agronejo reforça valores importantes como trabalho duro, família, fé e pertencimento.

Além disso, muitas marcas ligadas ao setor agropecuário já identificaram o potencial do movimento. Empresas de insumos, maquinário, agroindústrias e até bancos do agronegócio vêm patrocinando eventos e artistas do segmento. O agronejo se transforma, assim, em uma estratégia de comunicação e marketing rural e, ao mesmo tempo, em um vetor de identidade cultural.

AgroPlay e o papel das gravadoras do agro

Outro destaque importante nesse movimento é o papel da AgroPlay, gravadora e produtora que gerencia as carreiras de diversos artistas do agronejo e investe pesado em marketing digital com linguagem do campo.

Com estúdio em Londrina (PR), a AgroPlay entendeu que o agro também é entretenimento e criou um ecossistema musical e midiático que valoriza a estética do interior com profissionalismo e alcance nacional, muito mais do que um negócio que movimenta a indústria existe uma profunda conexão com o propósito de dar protagonismo ao produtor rural, as raízes do campo e os valores da vida no campo. A parceria com a Warner Music, por exemplo, prova que o agronejo já saiu das fazendas e chegou à indústria fonográfica com força.

Um movimento que veio para ficar

O agronejo não é uma moda passageira. Ele representa uma nova fase de conexão entre cultura, campo e juventude. Assim como o sertanejo tradicional marcou gerações anteriores com histórias de amor e dor, o agronejo marca o presente com histórias de orgulho rural, pertencimento e identidade forte.

É um gênero que cresce nas plataformas de streaming, lota eventos, vende produtos e reforça a imagem do campo como moderno, relevante e inspirador.

Quando o agro vira música

O sucesso do agronejo mostra que o campo brasileiro é mais do que produtividade e exportação. Ele também é vida, arte, juventude e cultura. Quando ouvimos um hit de Ana Castela ou Luan Pereira, não estamos apenas dançando ou cantando: estamos celebrando um estilo de vida, um Brasil que trabalha com as mãos na terra e o coração cheio de orgulho.

E como bem canta Ana:

“Quem disse que o agro não tem som? / Aqui tem moda boa e amor do bom”

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