A AstraZeneca Plc planeja investir US$ 50 bilhões nos EUA antes de 2030, tornando-se a mais recente empresa farmacêutica europeia a aumentar os gastos no país antes de possíveis tarifas sobre medicamentos importados.
O investimento será destinado à fabricação, bem como à pesquisa e desenvolvimento, afirmou a AstraZeneca em um comunicado. Inclui US$ 4 bilhões para uma nova unidade na Virgínia que produzirá medicamentos para doenças crônicas, disse Kevin Hassett, diretor do Conselho Econômico Nacional dos EUA, em um evento em Washington, D.C., nesta segunda-feira (21).
“Com a conclusão deste investimento, praticamente todos os produtos farmacêuticos da AstraZeneca vendidos nos Estados Unidos serão produzidos nos Estados Unidos”, disse Hassett.
O anúncio da AstraZeneca ocorre no momento em que as empresas farmacêuticas europeias se apressam em destacar sua presença significativa nos EUA, na esperança de mitigar o impacto de possíveis tarifas impostas pelo presidente Donald Trump. A AstraZeneca já havia anunciado planos em novembro — uma semana após a eleição de Trump — para investir US$ 3,5 bilhões nos EUA até o final de 2026, observando, na época, que empregava quase 18.000 pessoas no país.
Desde então, concorrentes europeus têm anunciado planos de gastos ainda maiores. A suíça Novartis AG anunciou, em abril, planos de investir US$ 23 bilhões em infraestrutura nos EUA, enquanto a rival Roche Holding AG anunciou que investiria US$ 50 bilhões . Em maio, a farmacêutica francesa Sanofi anunciou a intenção de investir pelo menos US$ 20 bilhões nos EUA até 2030.
Pascal Soriot, CEO da AstraZeneca desde 2012, também defendeu a contenção tarifária. Nesta primavera, ele recomendou que as autoridades americanas isentassem medicamentos de tarifas, argumentando que os incentivos fiscais são uma maneira melhor de atrair investimentos no desenvolvimento e na fabricação de medicamentos.
Trump deu 1 ano às farmacêuticas
Trump propôs vários cronogramas para tarifas sobre produtos farmacêuticos, mais recentemente taxas flutuantes que seriam impostas já em 1º de agosto. O presidente disse que espera dar às empresas um ano para trazer a produção para os EUA antes de impor tarifas de até 200%.
Enquanto isso, Soriot levantou preocupações no Reino Unido sobre seu compromisso com o país de origem. Ele reclama há muito tempo do ambiente regulatório no país, que, segundo ele, ameaça impedir o Reino Unido de se manter competitivo com os EUA e a China. Em janeiro, a AstraZeneca abandonou os planos de construir uma fábrica de vacinas de 450 milhões de euros (US$ 607 milhões) em Liverpool. A empresa opera 17 unidades de produção em 12 estados americanos.
No início deste mês, o jornal britânico The Times noticiou que Soriot está considerando transferir a listagem de ações da empresa para os EUA. Isso seria um duro golpe para o mercado de ações do Reino Unido, que sofreu perdas semelhantes de outras empresas nos últimos anos.
Sob a liderança de Soriot, o valor de mercado da AstraZeneca mais que triplicou, tornando a empresa uma potência global em medicamentos contra o câncer. A empresa também construiu um pipeline significativo de medicamentos para outras áreas, incluindo doenças cardiovasculares, renais e metabólicas.