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Borboleta inédita é descoberta na reserva do Cristalino, em Alta Floresta, e revela interação rara entre insetos da Amazônia

Uma nova espécie de borboleta, batizada de Annulata kaminskii, foi descoberta na Reserva Particular do Patrimônio Natural do Cristalino, em Alta Floresta (MT), por pesquisadoras da Unicamp e do Instituto Federal de São Paulo (IFSP). A espécie foi registrada em estudo publicado no último dia 10 na revista científica Neotropical Entomology e revelou uma interação inédita entre quatro grupos de organismos: borboletas, cochonilhas, formigas e o bambuzal amazônico.

A descoberta foi feita pelas pesquisadoras Luisa Mota, doutoranda da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e Noemy Seraphim, especialista em borboletas. Durante uma expedição na reserva, Luisa — que viveu por um ano na região para sua pesquisa de campo — ouviu sons de queixadas, o que inicialmente causou apreensão. Ao reencontrar Noemy, encontrou também uma cena rara: lagartas interagindo com cochonilhas e formigas.

Segundo o estudo, as lagartas da nova espécie se alimentam do néctar produzido por cochonilhas, pequenos insetos sugadores de seiva, e, em seguida, liberam um outro tipo de néctar, que é consumido por formigas. Em troca, as formigas protegem tanto as lagartas quanto as cochonilhas contra predadores.

“Essa é a primeira vez que se observa um sistema ecológico com quatro níveis tróficos envolvendo borboletas, formigas, escamas de bambu e cochonilhas”, destaca Noemy Seraphim. Luisa acrescenta: “A maioria das lagartas se alimenta de folhas. Essa, no entanto, depende exclusivamente do néctar e da cera produzidos pelas cochonilhas, o que torna seu modo de vida extremamente especializado.”

A borboleta Annulata kaminskii recebeu esse nome em homenagem ao pesquisador Lucas Kaminski, da Universidade Federal de Alagoas, especialista em interações entre formigas e borboletas. É a segunda nova espécie identificada por Luisa na reserva — a primeira, a Cristalinaia vitoria, foi publicada em 2019.

A tentativa de criar as lagartas da nova espécie em laboratório fracassou. Elas sobreviveram por apenas duas semanas, mesmo com alimentação artificial, o que reforça a importância das interações ecológicas naturais para sua sobrevivência. Um estudo genético liderado pela pesquisadora Patrícia Avelino Machado confirmou, via DNA, que se tratava realmente de uma nova espécie.

A Reserva do Cristalino, mantida pela Fundação Ecológica Cristalino, abriga uma das maiores diversidades de borboletas do mundo, com mais de mil espécies catalogadas — o dobro do registrado em toda a Europa. Para Luisa, a descoberta reforça a importância da preservação da Amazônia e de áreas protegidas como a do Cristalino: “Essa história de vida reforça as particularidades da fauna amazônica e a urgência em protegê-la.”

Com informações do Lázaro Thor – Folha Press

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