Vivemos em uma era marcada por estímulos constantes, sobrecarga emocional e, ao mesmo tempo, dificuldade de expressão. Crianças e adolescentes são cobrados a se comportar, ser produtivos, corresponderem às expectativas, mas raramente são ensinados a nomear e acolher o que sentem. É nesse cenário que a música emerge não apenas como uma atividade extracurricular, mas como uma ferramenta de saúde emocional e desenvolvimento pessoal.
Tocar um instrumento, cantar, compor ou simplesmente experimentar sons é uma forma de se comunicar sem precisar explicar. Quando palavras faltam, ou não dão conta, a melodia aparece como tradução daquilo que é íntimo, mas ainda confuso. Alunos que muitas vezes chegam tímidos, retraídos ou ansiosos, aos poucos vão descobrindo na música um canal de expressão e um espaço seguro onde não existem respostas erradas, apenas interpretações.
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A prática musical ativa áreas do cérebro ligadas à emoção, à memória e à autorregulação. Não é por acaso que, ao tocar, muitos relatam sensação de alívio, pertencimento e confiança. Mais do que isso, a música convida ao contato consigo e com o outro, nos ensina a ouvir, respeitar o tempo do grupo e entender a pausa tanto quanto a nota.
Na Escola de Música IGC, em Cuiabá, vejo isso acontecer todos os dias. Os alunos não aprendem apenas escalas e partituras. Aprendem a respirar fundo, a lidar com o erro, a persistir diante do desafio. Aprendem, sem saber, sobre paciência, resiliência e sensibilidade. E, muitas vezes, encontram ali a coragem para mostrar ao mundo aquilo que sentem, não com palavras, mas com sons.
Por isso, é preciso valorizar o ensino musical não apenas como um caminho artístico, mas como um instrumento de cuidado com a saúde emocional. Porque, no fim das contas, a música é isso, uma forma de existir no mundo de maneira mais verdadeira. E quanto mais cedo oferecermos esse espaço de expressão, mais adultos inteiros e conscientes ajudaremos a formar.
*MANOEL IZIDORO é professor e proprietário da Escola de Música IGC de Cuiabá.