Na noite desta segunda-feira (4/8), Adriana Villela publicou uma carta aberta e falou sobre o caso conhecido como o Crime da 113 Sul — no qual foi considerada mandante da morte dos pais e da funcionária da família. A carta foi divulgada um dia antes do Superior Tribunal de Justiça (STJ) retomar o julgamento sobre a nulidade ou validade do Júri que a condenou.
No texto, a arquiteta afirma que é apontada como “a algoz daqueles que mais amei na vida, meu sangue, minha essência: meus próprios pais e a querida Francisca”.
Crime da 113 Sul
- Em agosto de 2009, José Guilherme, Maria e Francisca foram mortos no apartamento da família, no sexto andar de um prédio na 113 Sul.
- As vítimas foram golpeadas com mais de 70 facadas pelos autores do crime.
- No julgamento de 2019, o porteiro do prédio à época, Paulo Cardoso Santana, foi condenado a 62 anos de prisão por ter matado as vítimas. Considerados coautores, Leonardo Campos Alves e Francisco Mairlon tiveram penas fixadas em 60 e 55 anos, respectivamente.
O Metrópoles contou o caso com riqueza de detalhes no podcast Revisão Criminal. Em sete episódios, as teses da defesa e da acusação foram explicadas com profundidade.
Adriana ainda diz que mantinha uma relação boa com os pais e que a carta brigando com a mãe foi algo “isolado”.
“Como em qualquer família, nossos laços eram feitos de entendimentos e, por vezes, de desentendimentos. Nada além da naturalidade da convivência humana, de uma vida real e bem vivida. E foi chocante, revoltante, constatar que o principal fato utilizado pela acusação para insinuar uma suposta relação de inimizade entre eu e minha mãe tenha sido uma carta datada de três anos antes dos assassinatos. Uma missiva isolada, arrancada brutalmente de seu contexto, para pintar um cenário geral de discórdia que simplesmente nunca existiu”, escreve.
“Tenho sido terrivelmente injustiçada, mas ainda respiro”, completa Adriana. Ela finaliza o texto e diz que ora por justiça. “Eles podem tentar roubar minha paz, minha dignidade, minha história, mas jamais conseguirão destruir a minha alma, a minha essência”.
Julgamento
Em março deste ano, a Sexta Turma do STJ chegou a iniciar a análise do caso, mas a avaliação foi suspensa após o ministro Sebastião Reis Junior, presidente da Turma, pedir vista.
A sessão desta terça está prevista para começar às 14h, mas não há como prever em que momento o julgamento será retomado. Segundo o Regimento Interno do STJ, qualquer processo pode ter até dois pedidos de vista, sendo que o segundo se torna “vista coletiva”. O prazo é sempre de 60 dias, prorrogável por mais 30.
Após o segundo pedido, não é mais permitido ter vista. Ou seja, o caso de Adriana ainda pode ser pausado apenas mais uma vez.
Quando for retomado, o julgamento segue com a leitura do voto do ministro que pediu vista, Sebastião Reis. Defesa e acusação não falam mais, a não ser que sejam questionadas pelos ministros ou que queiram levantar alguma questão de ordem ou de fato.