A Air Canada e seus comissários de bordo sindicalizados continuam em impasse nesta sexta-feira (15), apesar dos apelos do governo para que ambos os lados retornem à mesa de negociações para evitar uma greve que prejudicaria as viagens de dezenas de milhares de passageiros.
A maior companhia aérea do Canadá espera cancelar 500 voos até o fim do dia, antes da greve planejada para sábado, deixando cerca de 100 mil passageiros correndo para encontrar alternativas. Dados do Flightradar mostraram que a Air Canada havia cancelado 30 voos na manhã de hoje.
Os 10 mil comissários de bordo da companhia estão se preparando para entrar em greve no início da madrugada de sábado, devido às negociações contratuais paralisadas sobre as demandas do sindicato por salários mais altos e compensação por trabalho não remunerado.
Uma greve atingiria o setor de turismo do Canadá durante o auge da temporada de viagens de verão e testaria o governo Liberal no poder, sob o primeiro-ministro Mark Carney, ao qual a companhia aérea pediu para intervir e impor uma arbitragem.
A Air Canada e sua afiliada de baixo custo, a Air Canada Rouge, normalmente transportam cerca de 130 mil clientes por dia. A Air Canada é também a companhia aérea não americana com o maior número de voos para os Estados Unidos, apesar dos recentes cortes de viagens para lá a partir do Canadá devido a tensões comerciais.
A Air Canada, que também emitiu um aviso de que fará um locaute de seus comissários de bordo, cessou as negociações, disse o Sindicato Canadense de Funcionários Públicos (CUPE, na sigla em inglês), que representa a tripulação de cabine.
A ministra do Emprego, Patty Hajdu, tem instado repetidamente ambas as partes a negociar. A diretora de recursos humanos da Air Canada, Arielle Meloul-Wechsler, disse na quinta-feira que a companhia estava “disponível para negociar a qualquer momento, com a condição de que a negociação tenha substância”.
Na noite de quinta-feira, a Air Canada e o sindicato entraram em conflito sobre um acordo para evitar que milhares de passageiros ficassem retidos no exterior quando a greve deve começar no sábado. O acordo teria adiado a paralisação para a tripulação de cabine que estivesse fora de sua base de origem, até que retornassem com seus passageiros no sábado.
A empresa disse no X que 25 mil passageiros adicionais ficariam retidos depois que o sindicato rejeitou esse acordo, acrescentando que o dobro do número habitual de comissários de bordo não se apresentou para o trabalho na noite de quinta-feira.
Mas, em um boletim aos membros, o sindicato afirmou que apoia o acordo, que falhou porque a Air Canada afirmou que não honraria os acordos coletivos de seus membros quando eles voassem de volta no sábado com seus passageiros.
O contrato dos comissários de bordo deixa de ser aplicado quando a greve começar no sábado, disse o sindicato.
A disputa gira em torno da forma como as companhias aéreas remuneram os comissários de bordo. A maioria tradicionalmente os paga apenas quando os aviões estão em movimento. Mas, em suas negociações contratuais mais recentes, os comissários de bordo na América do Norte têm buscado remuneração por horas trabalhadas, incluindo tarefas como o embarque de passageiros e a espera no aeroporto antes e entre os voos.