A produção de mel em Alta Floresta tem se consolidado como uma das atividades mais promissoras da agricultura familiar e da sustentabilidade ambiental na região amazônica de Mato Grosso. O Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Agricultura Familiar (Seaf-MT), vem incentivando o setor com a entrega de equipamentos de segurança e caixas de abelhas, em um investimento de R$ 1,9 milhão voltado a produtores de pequena escala em todo o estado.
Com o objetivo de valorizar o trabalho dos apicultores e promover a troca de conhecimento, o município sediou, neste fim de semana, o Evento de Meliponicultura e Apicultura da Amazônia Mato-grossense, reunindo produtores, técnicos e pesquisadores em um grande encontro voltado à inovação e ao fortalecimento da cadeia produtiva do mel.
Realizado pela Prefeitura de Alta Floresta, por meio da Secretaria Municipal de Agricultura e Pecuária, o evento contou com a parceria do Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT), da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat). A programação incluiu palestras, oficinas e atividades de campo, com foco no manejo de colmeias, conservação de espécies nativas e aprimoramento das técnicas de produção.
O secretário municipal de Agricultura e Pecuária, Marcelo Fernando Pereira Souza, destacou a importância do evento para dar visibilidade aos produtores e fortalecer o setor.
“Recebemos apicultores e meliponicultores de toda a região para promover essa interação técnica e valorizar o trabalho deles. A Prefeitura já distribuiu cerca de 200 caixas de abelhas, beneficiando mais de 30 produtores, e tem contado com o apoio da Seaf em diversas ações de fomento. A apicultura está em ascensão em Alta Floresta, e o Selo de Inspeção de Agroindústria de Pequeno Porte (Siapp) vai permitir ampliar a comercialização e agregar valor à produção local”, ressaltou.
Entre os pioneiros da apicultura no município está Edson Francisco Fraceto, que há 45 anos se dedica à criação de abelhas. Desde o surgimento de Alta Floresta, ele mantém a tradição de comercializar seu mel na feira livre. Trabalhando com abelhas Apis mellifera (com ferrão) e espécies nativas sem ferrão, como a boca-de-renda, tiúba e uruçu-cinzenta, Edson mantém suas colmeias em áreas de proteção ambiental próximas às bacias Mariano I e II, garantindo um mel 100% orgânico e contribuindo para a preservação da biodiversidade local.
“É um trabalho que exige dedicação, mas também é uma forma de preservar a natureza. As abelhas são fundamentais para manter a vida e a produção de alimentos, e aqui elas estão tranquilas, polinizando toda a região amazônica de Alta Floresta”, afirmou o produtor.
Outro exemplo de tradição e dedicação é o dos irmãos Rodrigo e Agnaldo Alves da Silva, da Chácara Estrela, que há mais de 20 anos produzem mel silvestre no município. O trabalho, iniciado em 1993 para consumo familiar, cresceu e hoje conta com cerca de 50 apiários espalhados por diferentes áreas de Alta Floresta. A família está finalizando a estrutura da Casa do Mel, dentro das normas do Siapp, o que permitirá a comercialização em todo o estado.
“Começamos em um barracão de madeira e agora estamos concluindo uma estrutura moderna com apoio técnico do Indea, da Seaf e da Secretaria Municipal de Agricultura. Esse selo vai nos permitir levar nosso produto para novos mercados”, destacou Rodrigo.
Agnaldo complementa que o avanço da apicultura é resultado do esforço coletivo e de políticas públicas voltadas ao pequeno produtor.
“Hoje vemos o apoio técnico e institucional fortalecendo o setor. Estamos construindo um legado de vida, renda e sustentabilidade para as próximas gerações”, disse.
Além dos investimentos na apicultura, a Seaf já destinou R$ 7,2 milhões a Alta Floresta entre 2019 e junho de 2025, beneficiando mais de 1,1 mil propriedades rurais. Esses recursos têm garantido renda, fortalecido a agricultura familiar e contribuído para a preservação da Amazônia mato-grossense.