Sinop, 20/07/2025 18:20

Análise: Mesmo não demitindo Powell, Trump deve “trabalhar” contra o dólar | Finanças

O comportamento do dólar no mercado internacional nesta semana foi uma amostra interessante dos obstáculos para a recuperação da divisa neste ambiente de incerteza elevada que vem dispersando as opiniões (e apostas) sobre a política do Federal Reserve e tudo que dela vem de consequências para o resto do mundo.

O tema das tarifas tem afetado o dólar quase sempre negativamente, enquanto no mercado de ações em recordes sucessivos prepondera o “Taco Trade” (“Taco” é acrônimo de Trump Always Chickens Out, ou seja, o presidente americano sempre volta atrás).

Mas no dólar, a visão de que a política fiscal deve se deteriorar com força e a independência do Fed está sob ataque, é indicativo da dificuldade de se desenhar no curto prazo uma mudança de tendência da moeda, que perde 2,2% neste ano frente uma cesta de moedas dos países mais importantes nas transações comerciais dos Estados Unidos.

Na quarta-feira (16), quando se soube que Trump havia perguntado aos congressistas republicanos, durante uma reunião no Salão Oval na noite anterior, se ele deveria demitir Powel e supostamente foi apoiado, o índice do dólar DXY afundou quase 1% (sendo quase 2% em relação ao euro) em cerca de uma hora. Foi um movimento abrupto, embora longe de ser inédito, e lembrou numa escala menor o que aconteceu em 2 de abril, no chamado “dia da libertação” (aqui vale a lembrança de que no pânico de abril houve a combinação da disparada dos rendimentos de longo prazo dos títulos do Tesouro com quedas nas ações e no dólar; nesta semana, a queda dos yields de curto prazo também explicou a fraqueza da moeda).

A reação do mercado não deve passar batida pelo governo americano, mesmo que a retórica continue a mesma. Ao repetir que o Fed “deve” baixar os juros em três pontos percentuais “imediatamente”, Trump tem por trás a pressão de não levar a cabo o plano de demissão por não poder controlar a reação dos ativos, que, como as tarifas, pode mais prejudicar do que ajudar a economia americana.

Esse diagnóstico dos analistas, economistas e mercado de que ameaças ao Fed não se concretizarão pelo óbvio dos impactos enormes possíveis, foi reforçado por uma matéria exclusiva do “The Wall Street Journal” publicada neste sábado (19), dando conta de que o secretário do Tesouro, Scott Bessent, expôs reservadamente a Trump nos últimos dias as razões pelas quais a demissão de Powell não seria um caminho bom a ser seguido, disseram fontes a par do assunto ao jornal.

Essas razões de Bessent se concentraram justamente nos possíveis efeitos na economia e nos mercados, na perspectiva de que o banco central já esteja caminhando para cortar as taxas de juros ainda este ano e nos prováveis obstáculos políticos e legais que tal movimento enfrentaria. Ademais, segundo Bessent, a economia está indo bem.

Dado o peso da opinião do secretário do Tesouro, dá para supor que o presidente americano pode até manter sua campanha de minar Powell, mas dificilmente forçará sua demissão.

Contudo, o tema permanecendo sobre a mesa, o risco para a recuperação do dólar também permanece. E é fácil imaginar que o mercado tem em conta que um novo nome para o Fed antes do prazo da saída de Powell em maio do ano que vem, ainda que fosse incrível, estaria na mesma situação: se Trump demitiu Powell, pode demitir qualquer um.

Powell — Foto: Tierney L. Cross/Bloomberg

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