O governo federal e a Indústrias Nucleares do Brasil (INB) desmentiram a informação que circula nas redes sociais segundo a qual o Brasil teria vendido urânio enriquecido ao Irã. O boato surgiu após a recente escalada de tensões no Oriente Médio envolvendo Israel e Irã.
Em nota oficial, a INB classificou a alegação como “fake news” e esclareceu que nunca realizou nem realiza qualquer tipo de negócio com o Irã. A empresa, vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME), é responsável pela cadeia produtiva do urânio no Brasil e atua exclusivamente com fins pacíficos, como geração de energia elétrica, aplicações na medicina, na agricultura e na preservação de obras de arte.
“A INB não tem qualquer negócio com o Irã e jamais teve. Só somos autorizados a produzir urânio para fins pacíficos, o que é acompanhado de perto pelos órgãos de controle (Agência Internacional de Energia Atômica-AIEA, Comissão Nacional de Energia Nuclear-Cnen e Ibama)”, diz a nota.
A estatal também explicou que, em alguns casos, realiza exportações do chamado “yellowcake” (concentrado de urânio natural) para países como a Rússia, onde o material passa por conversão em gás. Após esse processo, o produto retorna ao Brasil para enriquecimento na unidade da INB em Resende (RJ), sendo utilizado na fabricação de combustível nuclear para as usinas de Angra.
A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República também refutou as alegações e reiterou que o Brasil é signatário de tratados internacionais que proíbem o fornecimento de material nuclear com fins militares. Desde 1998, o país integra o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), acordo internacional que visa o desarmamento nuclear, impede a disseminação de armamentos atômicos e regula o uso pacífico da energia nuclear.
Além disso, a Constituição Federal brasileira determina que apenas o Estado pode explorar, pesquisar, enriquecer, reprocessar, industrializar e comercializar minérios nucleares e seus derivados. Portanto, não há autorização legal para que empresas privadas atuem nessa área no Brasil.
“Também é falso que o país tenha vendido urânio para o Irã, como tem sido repercutido nas peças de desinformação”, afirmou o governo em nota.