O crescimento meteórico da gigante chinesa de veículos elétricos BYD encontrou um obstáculo: a forte concorrência interna. As vendas mensais de veículos novos da montadora caíram em setembro, pela primeira vez em cinco anos.
As vendas mensais de veículos novos da BYD, incluindo exportações, aumentaram de forma constante ao longo do ano desde julho de 2020 — exceto em fevereiro de 2024, quando os números caíram devido ao feriado tardio do Ano Novo Lunar.
Mas, desde março de 2025, o crescimento anual tem desacelerado a cada mês. Em agosto, as vendas cresceram apenas 0,1% e caíram 6% em setembro, para 396.270 unidades. Os automóveis de passeio, que representam mais de 90% das vendas, recuaram 6%, para 393.060 unidades.
As vendas de automóveis de passeio e picapes fora da China dobraram para 70.851 unidades, enquanto as vendas domésticas de automóveis de passeio foram estimadas em pouco mais de 320 mil (foram 380 mil unidades em setembro de 2024, embora as mudanças nos métodos de divulgação dificultem uma comparação direta).
A BYD encerrou a produção de carros movidos a gasolina em 2022, expandindo-se ao se especializar em veículos de nova energia (NEV), como elétricos e híbridos plug-in. A empresa reduziu os custos de produção fabricando baterias e peças internamente e atraiu consumidores com cortes de preços e descontos.
A participação da BYD nas vendas de novos NEVs na China atingiu 40% em abril de 2024, informou uma associação chinesa da indústria de automóveis de passeio, mas caiu desde então para 29% em agosto de 2025.
A ascensão de concorrentes locais desencadeou o declínio. As vendas da montadora privada Geely cresceram 40% em setembro, graças aos veículos novos e atualizados de sua série Galaxy. A startup Leapmotor está aumentando as vendas e acredita-se que esteja tomando participação de mercado da BYD.
A BYD também enfrenta críticas no mercado interno. Após uma campanha de descontos para sua marca principal em maio, uma associação da indústria automotiva criticou a empresa por “liderar uma guerra de preços”.
As autoridades chinesas também estão pedindo às montadoras que corrijam a concorrência excessiva, que pode estar causando a deterioração dos lucros em toda a cadeia de suprimentos.
Uma mudança regulatória em junho estipulou que as grandes empresas clientes devem efetuar pagamentos a pequenas e médias empresas em até 60 dias após a entrega do produto, em comparação com mais de 200 dias em alguns casos. A BYD foi forçada a pagar os fornecedores mais rapidamente, o que parece aumentar os custos para a empresa e causar a deterioração do fluxo de caixa.
O lucro líquido da BYD no período de janeiro a junho aumentou 14% em relação ao ano anterior, para 15,5 bilhões de yuans (US$ 2,18 bilhões). Mas seu fluxo de caixa livre estava no vermelho, com o déficit piorando em comparação com o primeiro semestre de 2024.
Em meio às dificuldades domésticas, a BYD busca manter o crescimento expandindo as vendas no exterior, posicionando a Europa como um mercado essencial. A empresa revelou sete veículos de nova energia no Salão do Automóvel de Munique, na Alemanha, em 8 de setembro, incluindo uma versão plug-in do seu Seal 6.
Uma fábrica em construção na Hungria está programada para ser inaugurada este ano, produzindo pequenos veículos elétricos. A empresa espera que a unidade a ajude a evitar as tarifas da União Europeia sobre veículos elétricos fabricados na China. No fim de agosto, a BYD também anunciou planos de exportar veículos elétricos para a Europa a partir de uma fábrica na Tailândia.
O mercado europeu de veículos elétricos deve se intensificar, com as empresas locais Volkswagen e Renault lançando modelos, enquanto as chinesas Geely e Xpeng se apressam para expandir na região.