Expandindo as maneiras de financiar o tráfico de drogas nas comunidades fluminenses, o Comando Vermelho (CV) criou um esquema de transporte clandestino e obrigou mototaxistas da região da Vila Kennedy, Zona Oeste do Rio de Janeiro (RJ), a se cadastrarem na plataforma.
Segundo a Polícia Civil do Estado Rio de Janeiro (PCERJ), os mototaxistas eram coagidos a instalar e utilizar um aplicativo desenvolvido pela facção, que funcionava como uma plataforma de mobilidade urbana com aparência legal, mas voltada ao financiamento do tráfico de drogas.
A associação criminosa era formada por dois núcleos bem estruturados. O primeiro responsável por coagir e controlar os profissionais do transporte alternativo, mediante ameaças e extorsões. O segundo encarregado de receber e gerenciar os valores arrecadados, que eram integralmente revertidos ao chefe do tráfico local.
As investigações apontaram que mais de 300 mototaxistas estavam cadastrados no sistema, gerando lucros mensais para a organização criminosa que podem chegar a R$ 1 milhão. Além disso, empresas de fachada eram utilizadas para mascarar as operações financeiras, conferindo aparência de legalidade ao aplicativo.
Operação
Os envolvidos no esquema são alvos de operação da Polícia Civil nesta sexta-feira (8/8). Até a publicação desta matéria, quatro pessoas foram presas.
A “Operação Rota das Sombras” cumpre sete mandados de prisão temporária e 12 de busca e apreensão em estabelecimentos comerciais de fachada e residências localizadas na Zona Oeste do Rio, no município de Niterói e no interior do estado.
A ação — para desmantelar a estrutura logística e financeira usada pelo Comando Vermelho para explorar economicamente os profissionais e controlar territorialmente a mobilidade urbana na região — é coordenada pela 34ª DP (Bangu), com apoio do 2º Departamento de Polícia de Área (DPA).
As diligências contam ainda com equipes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e dos Departamentos-Gerais de Polícia Especializada (DGPE), da Baixada (DGPB) e do Interior (DGPI).