Sinop, 04/08/2025 11:46

Da profecia catastrófica de Malthus à potência do agro brasileiro

A história da civilização está intrinsecamente ligada à história da agropecuária. Foi o domínio sobre a produção de alimentos que permitiu ao ser humano deixar de ser nômade, formar cidades, construir culturas e desenvolver conhecimento. Cada etapa da evolução humana — do arado rudimentar à biotecnologia — foi impulsionada pela busca por maior eficiência, produtividade e segurança alimentar.

Mas nem sempre o futuro da agropecuária foi visto com otimismo. No início do século XIX, o economista britânico Thomas Malthus lançou uma teoria que marcou profundamente o pensamento econômico e social: segundo ele, a população cresceria em ritmo geométrico, enquanto a produção de alimentos avançaria apenas em ritmo aritmético. O resultado, segundo Malthus, seria a fome, a miséria e o colapso da sociedade.

Essa visão, embora lógica para sua época, subestimou um fator essencial: a resiliência humana e sua capacidade de inovação.

O que a história revelou, nas décadas seguintes, foi exatamente o oposto da previsão malthusiana. O ser humano, especialmente o produtor rural, não se acovardou diante do desafio da escassez. Pelo contrário, reinventou a agricultura por meio de tecnologias, práticas sustentáveis, organização social e políticas públicas eficientes em várias partes do mundo.

A mecanização, os fertilizantes, a irrigação, as sementes geneticamente melhoradas, o controle biológico de pragas e, mais recentemente, a agricultura digital, são apenas alguns exemplos de como a inteligência humana superou os limites naturais com ética, ciência e trabalho árduo.

Além disso, há um traço profundamente humanitário no ofício do produtor rural: sua missão é alimentar o outro. Cada lavoura colhida e cada animal criado são frutos do esforço de quem acorda cedo, enfrenta intempéries e convive com riscos — tudo isso para garantir alimento para milhões de pessoas.

Apesar disso, certos discursos ideológicos, geralmente originados na esquerda política, insistem em reduzir a agropecuária a uma atividade exploratória. Tentam retratar o campo como espaço de opressão, apagando as histórias de superação, os ganhos sociais promovidos pela agricultura moderna e a inclusão produtiva de milhares de famílias graças ao avanço do setor rural.

Essa visão simplista e ideologizada ignora que o agro também é feito por pequenos produtores, cooperativas, assentados e famílias inteiras que encontraram no trabalho com a terra uma forma digna de viver e de contribuir com o país. A agricultura não é exclusividade de latifúndios — ela é plural, diversa e essencial para todos.

O agro no Brasil: uma revolução silenciosa

O Brasil é a maior prova viva de que a tese de Malthus não resistiu à determinação do homem do campo. Em poucas décadas, o país passou de importador crônico de alimentos para uma das maiores potências agropecuárias do mundo, liderando exportações de carne, soja, milho, café, açúcar e tantos outros produtos.

Esse salto só foi possível graças ao trabalho de milhões de brasileiros — agricultores, técnicos, cientistas, empresários, cooperativistas — que entenderam que alimentar o mundo é uma missão da nação.

E a transformação ainda está em curso: o Brasil avança com a agricultura regenerativa, a rastreabilidade, o uso de inteligência artificial no campo e novas formas de agregação de valor. O agro brasileiro é hoje, além de competitivo, um dos mais sustentáveis do planeta.

Conclusão: Malthus errou — e o produtor rural venceu

A agropecuária moderna é um dos maiores triunfos da humanidade. Desmentiu profecias sombrias com inovação, superou visões ideológicas com resultados concretos e se consolidou como um dos pilares da soberania, da paz e da dignidade humana.
No Brasil, esse setor não é apenas uma engrenagem econômica. É a expressão de um povo que, ao trabalhar a terra, revela o melhor de si: resiliência, solidariedade e compromisso com o futuro.

Miguel Daoud

*Miguel Daoud é comentarista de Economia e Política do Canal Rural


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