Mato Grosso registrou 339 casos de suicídio em 2024, uma redução de 0,29% em relação a 2023, quando foram contabilizadas 340 ocorrências. Os dados são do Mapa da Segurança Pública 2025, divulgado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública. Apesar da estabilidade nos números, especialistas alertam que cada vida perdida representa uma tragédia irreparável e que a queda marginal não deve ser motivo para reduzir a atenção sobre o tema.
Na Região Centro-Oeste, o cenário foi diferente: o total de casos saltou para 1.665 em 2024, alta de 10,19% frente ao ano anterior. O Mato Grosso do Sul apresentou o maior crescimento proporcional, de 67,84%. Goiás teve elevação de 3,85% e o Distrito Federal de 4,04%. Já no Brasil, o total de registros chegou a 16.218, o que representa uma queda nacional de 1,44% em comparação a 2023.
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Para a psicóloga Jaqueline Pereira da Rocha, coordenadora do curso de Psicologia da Faculdade Anhanguera, os dados de Mato Grosso, ainda que mostrem leve queda, precisam ser interpretados com cautela.
“Cada vida perdida é irreparável. A ligeira redução no estado não diminui a urgência de fortalecer políticas públicas e ampliar o acesso aos serviços de saúde mental. O investimento contínuo é fundamental para que os números continuem caindo”, afirma.
Ela reforça também a importância da conscientização e do diálogo. “Falar sobre o sofrimento psíquico é um passo essencial na prevenção. A população precisa saber que não está sozinha e que existem caminhos de acolhimento e cuidado”, acrescenta.
CENÁRIO NACIONAL
No cenário brasileiro, o agravamento dos quadros de sofrimento psíquico, em especial entre mulheres, vem se consolidando como uma crise silenciosa. O Brasil está entre os países com maior prevalência de transtornos de ansiedade no mundo, e mais de um terço da população feminina convive com sintomas relevantes. A maioria dos diagnósticos de depressão também recai sobre esse grupo.
Em 2024, cerca de 470 mil licenças médicas foram concedidas no país em decorrência de transtornos mentais e comportamentais, segundo dados do INSS. Desse total, 64% foram de mulheres, sobretudo entre 35 e 49 anos — faixa etária marcada por sobrecarga de responsabilidades profissionais, familiares e afetivas.
Para casos persistentes, novas alternativas terapêuticas vêm sendo estudadas e aplicadas, como o uso medicinal da cannabis, que já mostra resultados no tratamento de ansiedade, depressão e burnout. Segundo especialistas, a substância, quando usada com acompanhamento médico e psicológico, pode contribuir para o manejo dos sintomas e melhoria da qualidade de vida.
APOIO EM MATO GROSSO
No estado, serviços gratuitos de acolhimento psicológico também ajudam a ampliar o acesso ao cuidado. A clínica-escola de Psicologia da Faculdade Anhanguera em Rondonópolis oferece atendimentos para crianças, adolescentes, adultos e idosos, sempre supervisionados por professores orientadores. Os atendimentos acontecem de segunda a sexta-feira, das 7h às 17h, mediante agendamento pelo WhatsApp (66) 3411-3944.
Além disso, o CVV – Centro de Valorização da Vida presta apoio emocional gratuito pelo telefone 188 e pelo site www.cvv.org.br, 24 horas por dia.
DESAFIO CONTÍNUO
Embora os números de Mato Grosso não tenham acompanhado a alta regional, especialistas destacam que o desafio permanece grande. “É preciso olhar para além das estatísticas. O sofrimento psíquico atinge famílias, comunidades e o ambiente de trabalho. Prevenção, tratamento acessível e acolhimento são caminhos indispensáveis”, conclui Jaqueline.
