O Último Azul, filme brasileiro que foi premiado no Festival de Cinema de Berlim, chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (27/8) com uma história de reflexão sobre o papel da pessoa idosa na sociedade brasileira.
Dirigido por Gabriel Mascaro e estrelado por Denise Weinberg, a trama acompanha a história de um mundo distópico em que idosos são levados para uma “colônia habitacional compulsória” quando atingem certa idade. Aos 77 anos, Tereza é convocada oficialmente pelo governo mas, antes de ir, parte em uma jornada para realizar o último desejo que tem na vida.
“A Teresa, a personagem que eu faço, ela tem essa pulsão de vida. Ela tem desejos, ela quer fazer coisas, ela quer realizar coisas. [E isso é uma] coisa que qualquer idoso ou idosa tem, só que a sociedade recolhe, interna ou deixa em casa, não dá atenção e não dá nem chance para ela recorrer a outras coisas que são tão importantes quanto trabalhar e produzir capital”, destacou a atriz em entrevista ao Metrópoles.
Rodrigo Santoro também estrela o filme e destaca que, para além das discussões sobre a relação de todas as pessoas com o envelhecimento, “o filme vem fazer um bem”. “O Último Azul tenta provocar uma reflexão muito contemporânea e importante para a gente pensar em como se relacionar de forma mais saudável com o envelhecimento”, frisa.
Assista a entrevista:
Momento do cinema brasileiro
A estreia de O Último Azul no Festival de Cinema de Berlim e a conquista do Urso de Prata vem na esteira do sucesso de Ainda Estou Aqui — vencedor do Oscar de Melhor Filme Internacional — e um longo processo de retomada do cinema brasileiro.
Para o diretor, o sucesso do filme, que foi distribuído para 65 países, é uma confirmação da força da produção nacional. “É uma alegria grande poder fazer parte dessa história e atualizar essa história com O Último Azul, escrevendo o nome do nosso filme na história do cinema brasileiro e também do cinema internacional. É uma alegria grande poder saber que a gente construiu e criou uma uma história universal”, destacou Mascaro.


O Último Azul
Divulgação

Cena de O Último Azul
Reprodução

Cena de O Último Azul
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Denise Weinberg (Tereza) em O Último Azul
Divulgação

Denise Weinberg (Tereza) em O Último Azul
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Rodrigo Santoro e Denise Weinberg concordam, porém, que o mais importante na repercussão do filme é o fato dele estar sendo comentado também em solo brasileiro.
“Eu fico muito orgulhosa de estar participando desse movimento, dessa ressurreição, que eu chamo, do cinema, porque nós estávamos tão nas trevas durante os últimos anos, então eu fico muito muito empolgada. A minha fé se renova na possibilidade de que a gente possa fazer um bom trabalho, que a gente seja reconhecido lá fora e aqui dentro, principalmente”, destacou a atriz.
O ator destaca também que a resposta do público ao longa, assim como foi visto com Ainda Estou Aqui, é um dos grandes estímulos para ele.
“Que venham mais, que a gente continue prestigiando o cinema brasileiro, porque isso é uma forma do espectador participar ativamente na construção da cultura do país. Para continuar contando nossas histórias, independente do reconhecimento internacional. Agora eu estou falando da gente contando história para a gente, falando de como a gente pode fortalecer essa indústria com a presença do espectador nos filmes brasileiros”, ressalta.
Sucesso nacional e internacional de O Último Azul
O Último Azul foi premiado com o Urso de Prata, do Grande Prêmio do Júri, na 75ª edição do Festival de Berlim, que ocorreu entre 13 e 23 de fevereiro deste ano. Além disso, está na pré-lista de filmes que concorrem à vaga brasileira para uma possível indicação na categoria Melhor Filme Internacional no Oscar️ 2026. (Conheça todos os concorrentes aqui).
A produção também participou do Shanghai International Film Festival, na China, e foi o filme de abertura da 53ª edição do Festival de Cinema de Gramado, que ocorreu no Rio Grande do Sul entre 13 e 23 de agosto deste ano.
O filme também recebeu dois prêmios no Festival de Guadalajara, no México, e esteve entre os 10 seletos filmes que participaram do Sydney Film Festival, na Austrália, ao lado de O Agente Secreto, de Kleber Mendonça Filho.