A cerimônia de encerramento e premiação do CINEMATO foi neste domingo (20.07), no Teatro da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), com uma bela apresentação do “Grupo Elementares do Quilombo”, da Lagoinha de Baixo, comunidade quilombola de Chapada dos Guimarães, que deu ênfase ao “Prêmio Dira Paes”, consagrado para Antonieta Luisa Costa, conhecida como Nieta, da Casa das Pretas.
A atriz e diretora Dira Paes esteve presente na cerimônia de premiação para entregar o prêmio que, neste ano, foi para uma mulher com atuação de destaque no audiovisual e em causas socioambientais, afinado ao tema da 22ª edição: “Decolonizando a Amazônia”.
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A trajetória de Nieta é marcada por uma firme defesa da identidade negra e uma incansável luta contra o racismo e a desigualdade social. O júri deste ano foi formado, na Mostra Nacional de Longas por: Samantha Col Debella, Amauri Tangará, Guto Pasko, Jairo Matos; e na Mostra Nacional de Curtas: Izah Neiva, Adriana Andrade, Rodrigo Vargas e Moacir Francisco de Sant Ana Barros.
PREMIAÇÕES “De algumas maneiras ele (Reagente) saiu um filme diferente do que eu costumo fazer, mas eu sentia que a importância do retrato reforçou a escolha certa. É uma coisa muito particular, que lança um olhar sobre as pessoas que estavam na linha de frente da pandemia (Covid-19). Dedico, do fundo meu coração, a todos os profissionais da saúde esses prêmios”, declara Bruno Bini, ao receber os prêmios Coxiponé de melhor curta mato-grossense e nacional, pela apresentação de um retrato potente e corajoso, do ritmo bem conduzido à sensação de risco e urgência, diante de reflexões de uma tragédia.
Emocionada, Glorinha Albuês recebeu Menção Honrosa do júri, para a obra mato-grossense “Albuesas”, pela maneira delicada com que a diretora revisita um passado, por vezes doloroso, costurando uma narrativa poética íntima que combina memória e afeto. Também, a animação “Coisa de Preto”, de Pâmela Peregrino (SE), se destacou com essa premiação. “O Silêncio das Ostras” levou mais prêmios Coxiponé: por Melhor Direção, Melhor Fotografia e Melhor Atuação para Bárbara Collen.
TOMBAMENTO E CONTINUIDADE Foi anunciado no palco, pelo secretário adjunto de Cultura do Estado de Mato Grosso (Secel-MT), Jan Moura, que o Festival de Cinema de Cuiabá tem recurso garantido para 2025, e apoia, junto com a artista Dira Paes, produtores e estudantes do audiovisual, entre outros, o pedido de Tombamento do evento como Patrimônio Cultural e Imaterial do Estado de Mato Grosso. Após a promoção de assinaturas para o feito, o deputado estadual Beto Dois a Um abraçou a causa e fará um projeto de Lei que reforça a continuidade do Festival, com 32 anos de história e 10 edições silenciadas pela falta de recurso público. Isso favorece o fomento do audiovisual, com o Festival todos os anos, de forma gratuita à população.
O FESTIVAL
O 22ª CINEMATO teve entrada gratuita de 14 a 20 de julho, com área gastronômica e de artesanato, na Feira Amazônia, no Teatro da UFMT, e fez honra a Silvino Santos (1886-1970) – o cineasta da selva – português, que imigrou para o Brasil no início do século, tornando-se um dos pioneiros do cinema e da fotografia.
A abertura exibiu um de seus filmes raros, do período de 1920, acompanhado de uma experiência sensorial única, exclusiva e vibrante, dando cor e sonoridade para o filme mudo e em preto e branco, pelo multiartista Henrique Santian e o músico Jhon Stuart, que compuseram uma trilha sonora. Além da performance da bailarina Nasla Brandão, que trouxe movimento e expressão com um figurino indígena.
Foram exibidos 62 filmes, de 18 estados brasileiros, divididos nas Mostras Competitivas de Curtas e Longas-Metragens, Cinema Escola, Hors Concurs, Melhor Idade e Cinema Paradiso. Propôs reflexão sobre os “Brasis” em um só Brasil, para a libertação política, cultural, econômica e social, valorizando saberes ancestrais e a autonomia dos povos indígenas, bem como afro. Inclusive, traz questionamentos sobre racismo, bullying, homofobia, xenofobia, entre outros preconceitos.
O CINEMATO foi realizado pelo Instituto INCA-Inclusão, Cidadania e Ação, com patrocínio do Governo do Estado de Mato Grosso, via Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel-MT), em parceria com a Pró-Reitoria de Cultura, Extensão e Vivência (Procev – UMFT), Primeiro Plano Cinema e Vídeo e Canal Brasil. Também teve o apoio da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), Secretaria Municipal de Cultura, Cineclube Coxiponés -UFMT, Curso de Cinema e Audiovisual da UFMT, Rede Cineclubista de Mato Grosso (REC-MT), da Cinemateca Brasileira e da Sociedade Amigos da Cinemateca, Comitê de Cultura de Mato Grosso, TV Centro América e Amazônia Flix.
TROFÉUS SUSTENTÁVEIS A ideia do troféu da “Dira Paes”, escupido em madeira de reflorestamento, veio de uma conversa da atriz e diretora que leva o nome do prêmio, com o idealizador do Festival de Cinema de Cuiabá, Luiz Borges.
“Fiz uma pesquisa para saber do modo de pensar dela: a ligação com o feminismo, a atuação política e dentro do próprio Cinema. Então a gente pensou em colocar um olho de Osíris (antigo símbolo egípcio de proteção, poder e saúde), a figura feminina, mantendo a ideia do boto do Pará, do peixe, mas um boto mulher, voltado para uma sereia, uma mulher empoderada, em contraste com a fábula amazônica do boto.
Ela gostou muito e aprovou”, destaca Ló Ferreira, profissional multifacetado como luthier de instrumentos musicais, naval e de protótipo, além de ser um dos melhores construtores de cenografia do Estado de Mato Grosso. Já o troféu “Coxiponé” foi construído a partir da ideia do produtor executivo da 22º Festival, Rodrigo Agnolon, junto com o artista: um tótem, com desenho indígena na lateral e, em cima, escupido em arame a figura de um pescador, todo em madeira reciclada e o nome do evento queimado em laser.
Criativo e ousado, Ló é daqueles artistas que aceita quase ou todo desafio quando o assunto é arte manual, transformando tudo o que manuseia em belos trabalhos.
Conheça os vencedores da 22ª edição do Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá – Cinemato: MOSTRA COMPETITIVA NACIONAL | LONGAS-METRAGENS Melhor Filme| Júri Oficial O Silêncio das Ostras, de Marcos Pimentel (MG) Melhor Documentário| Júri Oficial Concerto de Quintal, de Juraci Júnior (RO) Melhor Filme| Júri Popular Concerto de Quintal, de Juraci Júnior (RO) Melhor Direção| Júri Oficial Marcos Pimentel, por O Silêncio das Ostras (MG) Melhor roteiro| Júri Oficial Marco Altberg e Tainá de Luccas por Kopenawa: Sonhar A Terra Floresta (RJ) Melhor atuação| Júri Oficial Bárbara Colen, por O Silêncio das Ostras (MG) Melhor fotografia| Júri Oficial Petrus Cariry, por O Silêncio das Ostras (MG) MOSTRA COMPETITIVA NACIONAL | CURTAS-METRAGEM Melhor Curta Nacional| Júri Oficial Reagente, de Bruno Binni (MT) Melhor Curta Matogrossense| Júri Oficial Reagente, de Bruno Binni (MT) Melhor Curta| Júri Popular Albuesas, de Glória Albues (MT) Melhor Direção Curta| Júri Oficial Gustavo Carvalho, por Arame Farpado (SP) Melhor roteiro Curta | Júri Oficial Pally, por Tapando Buracos (AL) Melhor atuação Curta| Júri Oficial Valéria Barcellos, por Mãe (RS) Melhor Fotografia Curta| Júri Oficial Bento Marzo, por Linda do Rosário (RJ)
