O governo do presidente Lula (PT) divulgou nota oficial hoje na qual diz deplorar a escalada da expansão militar israelense na Faixa de Gaza, anunciada pelo primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, nesta sexta-feira. Em nota, o Itamaraty afirmou que a decisão vai agravar a situação humanitária da região e reforçou o apoio a um cessar-fogo permanente.
“O governo brasileiro deplora a decisão do governo israelense de expandir as operações militares na Faixa de Gaza, incluindo nova incursão à Cidade de Gaza, medida que deverá agravar a catastrófica situação humanitária da população civil palestina, assolada por cenário de mortes, deslocamento forçado, destruição e fome”, diz o texto.
Além do fim dos conflitos na região, o Ministério de Relações Exteriores pediu ainda pela libertação dos reféns, capturados em outubro de 2023 pelo grupo terrorista Hamas, e a liberação da entrada de ajuda humanitária em Gaza. A pasta afirma ainda que o território é parte inseparável do Estado da Palestina.
“Ao recordar que a Faixa de Gaza assim como a Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental é parte inseparável do Estado da Palestina, o Brasil renova o apelo à retirada completa e imediata das tropas israelenses do território”, continua o posicionamento do Itamaraty.
“Nesse contexto, reitera a urgência da implementação de cessar-fogo permanente, da libertação de todos os reféns e da entrada desimpedida de ajuda humanitária”.
O presidente Lula tem feito críticas a Israel. No mês passado, por exemplo, disse que há um genocídio na Faixa de Gaza e que os defensores de Israel precisam parar de vitimismo.
Nas semanas mais recentes, como resultado da crise de fome em Gaza desencadeada pelo bloqueio de ajuda humanitária imposto por Israel, uma série de países europeus passou a reconhecer a Palestina, incluindo Portugal, Espanha, Noruega e Eslovênia. Outros aliados de Israel, como Reino Unido, França e Canadá, também indicaram seguir no mesmo caminho em caso de piora da situação na região.
Depois do anúncio de Netanyahu, a Alemanha também decidiu suspender a venda de armas para o Estado judeu, em decisão que representa grande mudança na posição do país.
Ao longo da escala do conflito no Oriente Médio, agências da ONU e outras entidades internacionais denunciaram que Israel vinha impondo restrições à chegada de suprimentos à população civil da Palestina, o que fez a fome chegar a nível catastróficos na região.
Segundo o Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas, 127 pessoas tinham morrido devido à falta de comida desde o início da guerra até julho deste ano. Dessas, 85 eram crianças.
Relatório da instituição Médicos Sem Fronteiras (MSF) divulgado nesta semana afirma que, mesmo em meio à crise humanitária, palestinos famintos e desarmados continuaram sendo “abatidos a tiros como se fossem animais”.
Segundo comunicado do governo israelense, a operação anunciada nesta semana faz parte da “proposta para derrotar o Hamas” e vai incluir aumento da ajuda humanitária à população de fora das zonas de combate.
O jornal The Times of Israel afirma que o governo deve exigir o deslocamento forçado dos civis da Cidade de Gaza, onde vivem hoje cerca de 800 mil pessoas. A ação pode reduzir ainda mais a área de Gaza onde palestinos podem viver.