O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que, se o governo cumprir a meta fiscal, o Banco Central (BC) vai “se sentir mais empoderado para justificar uma queda da taxa de juros“. A declaração foi dada em entrevista ao canal no Youtube Presley, gravada na última sexta-feira e divulgada nesta segunda-feira (21).
“Se a gente cumprir a meta fiscal, o Banco Central vai se sentir mais empoderado para justificar uma queda da taxa de juros, que é o nosso objetivo central, uma vez que a nossa taxa de juros está em um patamar insustentável”, afirmou Haddad.
Ele deu a declaração ao defender o decreto que aumentou as alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). O ministro voltou a dizer que as mudanças tiveram como objetivo corrigir distorções regulatórias, mas ao mesmo tempo têm impacto fiscal positivo, que ajudam o governo a cumprir as metas fiscais estabelecidas.
“O IOF é um imposto eminentemente regulatório. Ele tem impacto monetário, ele tem impacto fiscal, mas ele tem um viés regulatório. Então, eu posso calibrar esse imposto do dia para a noite para, justamente, fazer com que a economia atinja os seus objetivos macroeconômicos”, afirmou Haddad.
“Essa liberdade, a autoridade fazendária precisa ter, porque o mais importante para o Brasil, neste momento, [é] cumprir a meta fiscal pro BC começar a cortar os juros. Isso que é saudável”, defendeu.
Ele classificou o nível atual da taxa Selic, em 15% ao ano, como “ultrarrestritivo”. “Você está falando de 10% de juros real. É ultrarrestritivo. Poucos países do mundo conviveriam com uma taxa tão restritiva”, disse. “É preciso fazer esse trabalho fiscal para que o BC não fique com essa dose de antibiótico num patamar que vai inviabilizar a saúde do próprio paciente”, completou Haddad.
Sobre o “tarifaço” imposto pelo presidente Donald Trump à importação de produtos brasileiros, Haddad disse que o governo brasileiro não está querendo “confusão” com os Estados Unidos.
“Embora os Estados Unidos estejam querendo arrumar uma confusão com a gente, a gente não quer confusão, a gente está querendo trabalhar. Não mexe com nosso Pix, deixe a Justiça funcionar. O que a gente quer é que o país continue funcionando.”
Por fim, o ministro disse que o governo vai cortar benefícios fiscais concedidos a determinados setores da economia que já não se justificam mais.
“Às vezes, você fez um benefício fiscal 30 anos atrás, que tinha sentido e que pode ter produzido um resultado favorável naquela circunstância. Mas será que, passado 5, 10, 20 anos, ainda se justifica aquele benefício?”