Hamas e Israel enviaram nesta quarta-feira sinais contraditórios sobre a possibilidade de um cessar-fogo em Gaza, apesar da crescente pressão sobre o governo de Benjamin Netanyahu para encerrar o conflito que já se arrasta há dois anos.
O grupo terrorista palestino sugeriu estar aberto a um acordo que leve ao “fim completo da guerra”, após Donald Trump ter anunciado que Israel havia aceitado aos termos para trégua de 60 dias. No entanto, reiterou demandas que travaram negociações anteriores.
Pelo lado israelense, Netanyahu, voltou a pregar a eliminação do Hamas, mas seu chanceler, Gideon Saar, indicou que o conflito poderia acabar se os 50 reféns mantidos pelo grupo fossem libertados. “Eu estou anunciando a vocês: não haverá Hamas”, disse o premiê em um discurso.
As negociações devem continuar nos próximos dias. Representantes do Hamas se reunirão com integrantes dos governos de Catar e Egito, que mediam os diálogos ao lado dos EUA. Já Netanyahu será recebido por Trump na segunda-feira.
Um acordo parece distante porque os dois lados têm propostas incompatíveis e inegociáveis para o fim do conflito. Enquanto o Hamas exige a retirada total das tropas israelenses, Tel Aviv só aceita a paz se o grupo concordar em se render, entregar suas armas e enviar seus líderes para o exílio.
Uma autoridade israelense disse à Associated Press que a proposta de Trump inclui a retirada parcial das tropas e um aumento da ajuda à Gaza. Os EUA, Catar e Egito forneceriam garantias sobre a sequência das negociações, mas, segundo a fonte, Tel Aviv não teria se comprometido a aceitar este item do acordo.
Trump anunciou na noite de ontem que Israel havia concordado com os termos de um cessar-fogo de 60 dias em Gaza e pediu ao Hamas que aceitasse o acordo antes que as condições em Gaza piorassem.
O presidente americano tem aumentado a pressão sobre o governo israelense e sobre o Hamas para intermediar um cessar-fogo e um acordo para a libertação de reféns que poderia pôr fim à guerra.
Segundo ele, o período de 60 dias seria usado para que as partes trabalhassem pelo fim da guerra e sugeriu que um acordo poderia ser fechado já na semana que vem. No entanto, Trump não indicou como os dois lados vão superar as divergências que inviabilizaram qualquer tipo de entendimento até o momento.