A organização do III Ciclo de Palestras “O que tem gerado o aumento da violência contra a mulher?” já está em andamento. A nova edição do projeto, idealizado e coordenado pela professora Jacy Proença em conjunto com o Instituto Cordemato será realizado após o expressivo alcance do segundo ciclo, realizado no primeiro semestre de 2025.
A meta era atingir 300 pessoas, mas o público total superou mil participantes, entre autoridades, estudantes, lideranças comunitárias e representantes da sociedade civil.
Com encontros em Santo Antônio do Leverger, Acorizal, Nossa Senhora do Livramento, Nobres, Cuiabá e Várzea Grande, o evento foi construído em diálogo com os poderes públicos locais e organizações sociais. Em cada local, o evento contou com palestras presenciais e on-line de especialistas que abordaram as múltiplas formas da violência contra a mulher: doméstica, institucional, racial, geracional e de gênero, incluindo as vivências de mulheres indígenas, negras, idosas, crianças e adolescentes.
Um dos destaques foi a alta adesão em municípios do interior, como Santo Antônio do Leverger e Acorizal, onde o envolvimento do poder público e a mobilização popular contribuíram para a presença de centenas de pessoas. A programação incluiu falas da defensora pública Rosana Leite, da professora Jacy Proença, da Dra. Eliane Xunakalo, da professora Elis Regina Prates, da professora Mariza Beatriz, da delegada Jozirlethe Criveletto e da Patrulha Maria da Penha, entre outros nomes que trouxeram contribuições técnicas e experiências de atuação no combate à violência.
Conforme a idealizadora do evento, Jacy Proença, o evento mostrou a necessidade de debater sobre a violência contra a mulher, entender suas causas e buscar caminhos reais de superação. “O que presenciamos nos municípios foi uma sede por informação, por acolhimento e, principalmente, por ação concreta. Superar a marca de mil participantes mostra que esse tema não pode mais ser ignorado. Precisamos fortalecer as redes locais, capacitar nossos gestores e dar voz às mulheres que, muitas vezes, nem sabem que estão em situação de violência. O III Ciclo já nasce com a responsabilidade de aprofundar esse diálogo e transformar o conhecimento em políticas públicas eficazes.”
Desafios e oportunidades
O relatório sobre o evento realizado nos seis municípios apontou os desafios enfrentados para sua realização. Conforme Jacy Proença, a articulação entre Executivo e Legislativo em algumas cidades, como Várzea Grande e Cuiabá, foi limitada, o que dificultou a mobilização institucional.
Outro entrave foi a dificuldade de preenchimento dos formulários de levantamento de dados por mulheres não alfabetizadas, principalmente da zona rural. A situação reforçou a necessidade de ações específicas de alfabetização feminina.
“Apesar das dificuldades, os resultados apontam para ganhos concretos. Em quatro municípios, vereadores se comprometeram a criar ou fortalecer conselhos municipais dos direitos da mulher e redes de proteção. Instituições de ensino também se engajaram: em Cuiabá, a Escola Marcelina de Campos realizará concurso de redação sobre o tema, enquanto a Univag, em Várzea Grande, deve desenvolver projetos de pesquisa com alunos de Direito”, comentou.
Também foi apontada a necessidade de capacitar servidores públicos, educadores e profissionais da saúde para identificar e acolher vítimas. A tabulação dos dados levantados durante os eventos deve embasar a devolutiva a cada município, com proposta de curso prático de capacitação sobre como enfrentar casos de violência contra a mulher em contextos reais.
“O III Ciclo de Palestras surge como resposta à demanda crescente por ações de conscientização, articulação de políticas públicas e mobilização social. O avanço no número de participantes e o engajamento de instituições de ensino e agentes públicos mostram que a sociedade está disposta a enfrentar o problema, mas precisa de apoio, formação e estrutura para transformar intenção em prática”, finalizou Jacy Proença.
O projeto Ciclo de Palestras é realizado pela Cordemato e Secretaria de Estado de Assistência Social, com coordenação professora Jacy Proença, Central Única das Favelas de Mato Grosso (Cufa-MT), ERP Company e apoio da Assembleia Legislativa de Mato Grosso e prefeituras dos municípios que receberam essa etapa da ação.