A fabricante de aeronaves Embraer estima um impacto de US$ 65 milhões com tarifas de exportação aos Estados Unidos neste ano. Desse total, cerca de 20% já foi sentido no balanço da companhia, afirmou o presidente-executivo Francisco Gomes Neto, em teleconferência de resultados nesta terça-feira (5).
Esse impacto veio das tarifas pagas pela exportação de componentes das aeronaves aos Estados Unidos, detalhou o executivo.
A empresa ainda não detectou aumentos de custo vindos de seus fornecedores por causa da política, e a linha de aviação comercial também ainda não foi atingida, disse. No entanto, esses impactos são esperados para o semestre atual.
Por isso, e somado a uma inflação no Brasil maior do que a projetada pela empresa e desvalorização cambial, a Embraer manteve sua projeção (guidance) para 2025, apesar de uma melhora operacional.
No ano, a empresa projeta receita líquida entre US$ 7 bilhões e US$ 7,5 bilhões, e entregas de 145 a 155 jatos na aviação executiva e de 77 a 85 jatos na aviação comercial. A margem Ebit esperada é de 7,5% a 8,3%.
Gomes Neto afirmou que a empresa estava “feliz” com a exclusão das aeronaves das novas tarifas de exportação aos EUA, que começam a valer na quarta-feira (6). No entanto, a empresa ainda está trabalhando para conseguir retirar a tarifa de 10% já aplicada sobre a companhia.
“Houve acordos entre Estados Unidos e Reino Unido e, recentemente, entre EUA e Europa, nós acreditamos que podemos ser os próximos, em negociação bilateral entre EUA e o Brasil”, disse.
A fabricante prevê gerar um superávit comercial com os EUA de US$ 5 bilhões nos próximos cinco anos, causado pela diferença entre o valor esperado para a compra de equipamentos e peças dos EUA e a exportação realizada do Brasil. “É um caso econômico muito robusto que nós oferecemos”, disse o presidente.
A empresa tem feito negociações por meio do governo brasileiro e também diretamente com o governo americano. Gomes Neto também agradeceu o apoio nas negociações dado por companhias aéreas americanas que são suas parceiras comerciais.
A tarifa atual de 10% não deve gerar uma queda de produção, nem demissões na companhia, afirmou o executivo — diferentemente do cenário esperado para as tarifas de 50%, como ele havia afirmado em julho. Na ocasião, Gomes Neto disse que o impacto poderia ser similar ao da covid-19, que resultou em queda de 30% na receita e em corte de 20% dos funcionários.
Questionado sobre se a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, decretada na segunda-feira, poderia afetar as negociações, o executivo afirmou não ter como comentar a “parte política”. “Focamos em dados e em coisas que podemos controlar, foi o que fizemos desde o começo”, disse.