Condenado em junho a 8 anos e 3 meses de prisão por piadas preconceituosas contra minorias sociais, Leo Lins continua em liberdade enquanto recorre e segue em turnê com o novo espetáculo, Enterrado Vivo. Na sexta-feira (29/9), ele lotou o Teatro Gazeta, em São Paulo.
O formato do show repete a linha de Perturbador, responsável pela condenação do humorista: piadas envolvendo negros, nordestinos, pessoas soropositivas e a comunidade LGBT+. A diferença é a vigilância sobre gravações. Diversas vezes, o público foi alertado de que filmar ou registrar seria proibido — sempre em tom de ameaça, recebido como piada pelos presentes.
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Grande parte da apresentação é dedicada a defender o próprio estilo. Segundo o Splash, do Uol, Lins argumenta que a comédia não cria estereótipos, e usa como exemplo uma tentativa de “inventar” que chineses seriam cheirosos. Segundo ele, a piada não funciona porque não existe base cultural. Em seguida, contrasta com uma piada sobre exploração infantil na China, que arranca risadas da plateia.
O humorista também revisita falas que geraram polêmica, como a de que “na escravidão, negro nascia empregado e já achava ruim”. Para ele, o absurdo dessa frase é o que a torna engraçada. Ainda assim, reconhece que repassar piadas fora do contexto apenas reforça a rejeição de quem não gosta do trabalho dele.
Com o avanço do show, o tom muda: Lins deixa de lado explicações e aposta apenas no sarcasmo. Zomba de críticas como “não se faz piada com minoria” e responde: “Então vou rir da fome na Somália, porque é maioria”. Ele também volta a artilharia contra a Justiça brasileira, afirmando que o Judiciário deveria se preocupar com questões mais relevantes do que “perseguir um palhaço em cima de um palco”.
Competição no palco
No fim da apresentação, o humorista promove um concurso de talentos com prêmio de R$ 100, trecho que, ao contrário do restante do show, foi autorizado a ser gravado. Mais de 10 pessoas participaram, incluindo crianças e adolescentes — supostamente com a anuência dos pais.
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“Subiu aqui, está autorizando o uso de imagem. Aqui não é o show do Hytalo Santos”, ironizou, citando o influenciador preso por exploração sexual infantil e tráfico humano.
As participações mais jovens chamaram atenção. Um garoto de cerca de 10 anos apresentou como número uma imitação de pessoa surda. Já um adolescente contou que foi expulso da escola anterior por repetir piadas de Leo Lins. Ele relatou ter dito a um colega, filho de mãe adotiva, que a mãe havia sido “achada no lixo”.
O jovem ainda mostrou uma advertência escolar, chamou a professora responsável de “arrombada gorda petista” e pediu que o documento fosse autografado pelo comediante. Lins assinou, e a plateia reagiu com aplausos entusiasmados.