Para a publicação, a postura “cada vez mais hostil ao Ocidente” e distante dos Estados Unidos, desde que o presidente Donald Trump assumiu, tem colocado em xeque a atuação de Lula fora do país. No cenário doméstico, a queda de aprovação do petista a níveis inéditos é atribuída ao crescimento do número de evangélicos e ao histórico de vinculação do PT à corrupção.
Segundo a “The Economist”, o Brasil destoou das demais democracias ocidentais após os ataques dos Estados Unidos ao Irã, ao “condenar com veemência” o ataque americano e declarar, em nota do Itamaraty, que os bombardeios a instalações nucleares foram uma “violação da soberania do Irã e do direito internacional”. Outros países apoiaram os ataques ou apenas expressaram preocupação.
A revista cita a realização da cúpula de líderes do Brics, nos dias 6 e 7 de julho, no Rio de Janeiro, e diz que “a aproximação do Brasil com o Irã deve continuar” durante o evento. Segundo a publicação, um dos temas que diplomatas brasileiros tentam evitar que sejam tratados no encontro é a discussão sobre a substituição do dólar como moeda para transações comerciais dentro do bloco. A proposta é rechaçada por Trump.
“O papel do Brasil no centro de um Brics ampliado e cada vez mais dominado por regimes autoritários é parte da política externa cada vez mais incoerente de Lula”, afirma a “The Economist”, comparando o afastamento do presidente brasileiro em relação a Trump e sua relação próxima com o líder da China, Xi Jinping. Para a publicação, os comportamentos demonstram falta de pragmatismo.
A revista afirma, por outro lado, que “talvez a abordagem mais sensata de Lula” na política externa tenha sido tentar tirar proveito da perda de confiança do mundo nos EUA e reforçar laços comerciais com a Europa. É mencionada, no entanto, a proximidade com a Rússia e a Venezuela, além da perda de diálogo com a Argentina, “por diferenças ideológicas”, desde a posse de Javier Milei.
A análise prossegue com a avaliação de que o derretimento de popularidade de Lula agravou sua influência internacional, tirando dele o trunfo de mandatos anteriores, quando “sua força interna lhe dava credibilidade externa”. A nova dinâmica é atribuída pela revista à ascensão da direita no Brasil, além do avanço da população evangélica e do maior apelo do mercado informal de trabalho, com a bandeira do empreendedorismo.
O texto analisa ainda a situação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), lembrando que ele é réu por tentativa de golpe de Estado e pode ser condenado e até preso em breve, por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Inelegível, Bolsonaro é pressionado a indicar um sucessor, mas não dá sinais de que fará isso rápido. A avaliação da “The Economist” é a de que, se a direita tiver uma indicação de nome até as eleições e se unir em torno dele, muito provavelmente terá condições de vencer.