A ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda deve trazer alívio para milhões de trabalhadores brasileiros e, em Mato Grosso, mais da metade dos contribuintes deixará de pagar o tributo já em 2026.
Com a aprovação do Projeto de Lei 1.087/2025, a partir de 2026 cerca de 530,5 mil mato-grossenses ficarão isentos do pagamento do Imposto de Renda (IR). O número representa 58,27% das 914,6 mil declarações entregues no estado neste ano, segundo estimativas de economistas.
No Brasil, a mudança também deve alcançar 26,6 milhões de contribuintes, o equivalente a 58,27% dos 45,6 milhões de declarações feitas em 2025, conforme dados da Receita Federal.
De acordo com o economista Vivaldo Lopes, a medida contempla tanto os isentos atuais – com renda até R$ 3.036 mensais – quanto aqueles que ganham entre R$ 3 mil e R$ 7.350. Ele lembra que o impacto fiscal será de aproximadamente R$ 31,5 bilhões por ano, mas que o valor será compensado pela tributação sobre lucros, dividendos e outros rendimentos de contribuintes com renda anual superior a R$ 600 mil.
“É uma medida de justiça tributária, porque corrige uma distorção: proporcionalmente, quem ganha até R$ 10 mil paga mais imposto de renda do que quem recebe acima de R$ 100 mil, principalmente quando os rendimentos vêm de lucros e dividendos, que praticamente não eram tributados”, explicou Lopes.
O economista destaca que a isenção total será para rendimentos até R$ 5 mil, enquanto rendas entre R$ 5 mil e R$ 7.350 terão redução parcial. “A nova tributação vai atingir apenas 141 mil brasileiros, enquanto a isenção vai beneficiar aproximadamente 15 milhões de trabalhadores”, frisou.
Para o economista Emanuel Daubian, o efeito imediato da medida será percebido na renda disponível das famílias, embora nem sempre revertido diretamente em consumo.
“Muitos contribuintes que serão beneficiados estão endividados. Com a Selic acima de 15% ao ano, boa parte dessa renda extra será usada para quitar dívidas, o que diminui risco de inadimplência, mas não pressiona a inflação. Os preços têm sido muito mais impactados por fatores externos, como seca, chuvas e guerra, do que pela demanda interna”, analisou.
Daubian também avaliou que o projeto representa um passo importante em direção à justiça tributária, ao aliviar a carga sobre a classe média e ampliar a taxação sobre os contribuintes de renda mais alta.