A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, voltou a ser alvo de ataques durante audiência pública na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, realizada nesta quarta-feira (2).
Convocada para prestar esclarecimentos sobre ações da pasta, ela enfrentou duras críticas de parlamentares da bancada ruralista, em uma repetição do cenário vivido em maio no Senado.
Durante a audiência, que durou mais de cinco horas, o deputado Evair de Melo (PP-ES), autor do requerimento de convocação, comparou Marina a grupos armados como o Hamas e as Farc.
Ele também voltou a associá-la a um câncer — referência que já havia feito anteriormente. “Um dia, eu fiz uma citação aqui comparando com um câncer. E eu pedi desculpas depois, porque o câncer muitas vezes tem cura”, disse.
“Esse viés ideológico construído nesse movimento conspiratório tem se mostrado aplicado nesse momento”, disparou.
Em outro momento tenso, após uma fala mais firme da ministra em defesa das políticas ambientais do governo, o deputado Cabo Gilberto (PL-PB) pediu “calma” à ministra — observação que Marina classificou como machista. “Porque quando um homem fala com ênfase, não dizem isso”, rebateu.
Apesar dos ataques, a ministra permaneceu até o fim da audiência, diferente do que ocorreu em maio, quando deixou a Comissão de Infraestrutura do Senado após ser destratada pelo senador Plínio Valério (PSDB-AM), que afirmou que ela “não merecia respeito”.
Durante sua fala de encerramento, Marina criticou o avanço de posturas autoritárias no Congresso.
“Eu sabia que depois do que aconteceu na Câmara Alta desse país, aqueles que gostam de abrir a porteira para o negacionismo, para a destruição do meio ambiente, para o machismo, iriam achar normal fazer o que está acontecendo aqui — num nível piorado”, afirmou, antes de ser interrompida.
Após retomada da palavra, completou: “Acho que Deus me ouviu e estou em paz. É preferível sofrer a injustiça do que praticá-la.”
Mesmo diante do clima hostil, Marina Silva apresentou resultados positivos da sua gestão, como a redução de 46% no desmatamento da Amazônia e de 32% no país. Ela também destacou o crescimento de 15% do agronegócio e o aumento de cerca de 11% da renda per capita no Brasil.
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Cacique Raoni repudia ataques contra ministra Marina Silva