Até 31 de agosto de 2025, Mato Grosso teve 859,5 mil hectares atingidos pelo fogo, de acordo com dados analisados pelo Instituto Centro de Vida (ICV). O número é 71% menor do que para o mesmo período de 2024, quando mais de 3 milhões de hectares já haviam sido atingidos no estado.
A análise foi feita com base em dados da plataforma Amazon Fire Dashboard, da Nasa, e está disponível no Portal de Inteligência Territorial do ICV.
Conforme explicou o coordenador do Núcleo de Inteligência Territorial do ICV, Vinicius Silgueiro, a redução se deu por conta das condições climáticas favoráveis nesse ano, com temperaturas mais amenas e maior volume de chuvas, o que ajudou a umidificar o solo e a vegetação.
“Aliado a isso, o aumento da fiscalização e reforço das políticas de combate ao desmatamento surtiram efeito nas queimadas, que são frequentemente usadas após o corte da vegetação nativa. Para setembro, mês com umidade do ar muito baixa, vegetação seca e ventos fortes, é fundamental manter o estado de alerta e monitoramento frente ao início de eventos de fogo” disse.
Diferente de 2024, quando o Pantanal concentrava os municípios com mais registros de queimadas, nesse ano a Amazônia e o Cerrado foram mais impactados, com 457,2 mil e 396,4 mil hectares atingidos pelo fogo, respectivamente.
Conforme a análise, 59% dos incêndios foram registrados após o início da proibição do uso do fogo nos biomas. No Pantanal, o período proibitivo teve início em 1 de junho. Já no Cerrado e na Amazônia, isso aconteceu a partir de 1 de julho.
Colniza, no noroeste de Mato Grosso, foi o município mais devastado (68,5 mil hectares), seguido por Campinápolis (50,2 mil), Paranatinga (40,5 mil), Nova Nazaré (39,8 mil), Tangará da Serra (35 mil) e Nova Maringá (31,7 mil). Juntos, os 6 municípios representam mais de 30% da área queimada no estado até a data analisada.
Apesar da diminuição, incêndios em Unidades de Conservação (UCs) e Terras Indígenas (TIs) preocupam e acendem alerta em especialistas devido ao risco da perda de biodiversidade e aos impactos na capacidade de resiliência da floresta e nos modos de vida das comunidades. Ao todo, foram registrados 231,1 mil hectares atingidos pelo fogo em TIs e 31,2 mil em UCs.
Em Colniza, por exemplo, município líder em queimadas, estão localizadas a Estação Ecológica do Rio Roosevelt e a Reserva Extrativista Guariba Roosevelt, que juntas somam mais de 7,2 mil hectares atingidos pelo fogo.
“Essas são áreas que tem que ter atenção redobrada dos órgãos ambientais, tanto para controlar e combater as chamas, quanto para fiscalizar e responsabilizar aqueles que estiveram envolvidos na origem desse fogo”, pontuou Silgueiro.