Um míssil disparado neste domingo (4) por rebeldes houthis do Iêmen contra Israel caiu perto do principal aeroporto internacional do país, causando pânico entre os passageiros e gerando ameaças de retaliação contra o grupo e o Irã.
Os houthis do Iêmen, alinhados ao Irã, assumiram a responsabilidade pelo bombardeio perto do Aeroporto Ben Gurion, o mais recente de uma série de ataques, afirmando que estão agindo em solidariedade aos palestinos em Gaza.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, prometeu retaliar.
“Os ataques dos houthis emanam do Irã. Israel responderá ao ataque houthi contra nosso principal aeroporto E, no momento e local que escolhermos, aos seus mestres terroristas iranianos”, disse Netanyahu no X.
Em um vídeo separado divulgado por seu gabinete, Netanyahu disse: “Faremos o que for preciso para cuidar de nossa segurança, responder com eficácia e avisar o Irã de que isso não pode continuar.”
A maioria dos ataques do Iêmen foi interceptada pelos sistemas de defesa antimísseis de Israel, embora um ataque de drone tenha atingido Tel Aviv no ano passado. O míssil de domingo foi o único de uma série lançada desde março que não foi interceptado. O exército israelense afirmou estar investigando.
Após as declarações de Netanyahu, o ministro da Defesa do Irã, Aziz Nasirzadeh, disse que Teerã revidaria se os Estados Unidos ou Israel atacassem.
“Se esta guerra for iniciada pelos EUA ou pelo regime sionista (Israel), o Irã terá como alvo seus interesses, bases e forças — onde quer que estejam e sempre que necessário”, disse Nasirzadeh à TV estatal iraniana.
Reiterando a posição oficial do Irã, Nasirzadeh disse que os Houthis agem de acordo com suas próprias motivações.
O Irã “não tem hostilidade contra países vizinhos”, mas, em caso de um ataque, as bases americanas localizadas na região serão consideradas alvos por Teerã, disse Nasirzadeh.
Ataques dos EUA aos houthis
Um repórter da Reuters no aeroporto ouviu sirenes e viu passageiros correndo em direção a salas de segurança.
Várias pessoas postaram vídeos mostrando uma coluna de fumaça preta visível atrás de aeronaves estacionadas e prédios do aeroporto. Imagens mostraram uma estrada próxima coberta de poeira e detritos.
O serviço de ambulância israelense informou que oito pessoas foram levadas ao hospital com ferimentos leves a moderados.
Um comandante da polícia israelense, Yair Hetzroni, mostrou aos repórteres uma cratera causada pelo impacto do míssil, que, segundo as autoridades aeroportuárias, caiu ao lado de uma estrada perto do estacionamento do Terminal 3. O aeroporto fica perto da capital, Tel Aviv.
Reivindicando a responsabilidade, o porta-voz militar houthi, Yahya Saree, disse que o principal aeroporto de Israel “não era mais seguro para viagens aéreas”.
A Autoridade Aeroportuária de Israel informou que as operações normais foram retomadas após relatos de interrupção do tráfego aéreo e bloqueio das rotas de acesso ao aeroporto.
No entanto, várias companhias aéreas, incluindo Lufthansa, Delta, ITA Airways e Air France, anunciaram o cancelamento de voos de e para Tel Aviv, alguns dos quais estavam programados para segunda ou terça-feira.
O ataque de domingo ocorreu em um momento em que ministros israelenses estariam prestes a assinar planos para expandir a operação militar em Gaza, retomada em março após uma trégua de dois meses, levando os houthis a atacar Israel com mais mísseis.
Os esforços para reativar o cessar-fogo fracassaram, e o presidente dos EUA, Donald Trump, ordenou em março ataques em larga escala contra os houthis para reduzir sua capacidade e impedi-los de atacar navios comerciais no Mar Vermelho. Os ataques mataram centenas de pessoas no Iêmen.
“Os militares dos EUA continuam sua operação contra os houthis, que incluiu mais de mil ataques contra esses terroristas, e continuaremos a coordenar com o governo israelense por meio de canais diplomáticos”, disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, James Hewitt, em um e-mail à Reuters. “O governo Trump continua comprometido em acabar com a capacidade dos houthis de sequestrar a liberdade de navegação no Mar Vermelho.”
Ele não abordou diretamente o incidente no aeroporto.
Os houthis, que controlam áreas do Iêmen, começaram a atacar Israel e navios do Mar Vermelho no final de 2023, durante os primeiros dias da guerra entre o Hamas e Israel na Faixa de Gaza.
A guerra foi desencadeada por ataques liderados pelo Hamas ao sul de Israel em 7 de outubro de 2023, nos quais 1.200 pessoas foram mortas e 251 feitas reféns. A ofensiva israelense em Gaza matou mais de 52.000 palestinos e destruiu grande parte do enclave.