A ispace do Japão anunciou na sexta-feira que seu módulo lunar falhou em sua tentativa de realizar um pouso suave na Lua, marcando o segundo revés em dois anos e um golpe na ambição da startup de se tornar a primeira empresa privada da Ásia a alcançar tal feito.
Depois que o módulo Resilience perdeu a comunicação durante sua descida final, o controle da missão determinou que o objetivo de um pouso suave “não era alcançável”.
“Foi muito decepcionante”, disse o executivo-chefe (CEO), Takeshi Hakamada em uma entrevista coletiva, comentando sobre o fracasso da missão. “Temos recebido o apoio de muitas empresas e acionistas. Peço desculpas a eles.”
Na Bolsa de Valores de Tóquio, as ações da ispace permaneceram em leilão, com ofertas cotadas a 774 ienes, abaixo do limite diário permitido de 300 ienes, ou 28,7%, em relação ao dia anterior. A queda ocorreu depois que as ações atingiram a máxima do ano, de 1.460 ienes, no mês passado, em antecipação a um pouso lunar bem-sucedido.
Esta foi a segunda tentativa da ispace de pousar na Lua. Sua primeira missão falhou em colocar uma sonda na superfície lunar em abril de 2023.
A empresa afirmou em um comunicado à imprensa que “nossa prioridade é analisar rapidamente os dados de telemetria que obtivemos até o momento e trabalhar diligentemente para identificar a causa”.
“Nós nos esforçaremos para restaurar a confiança, fornecendo um relatório das descobertas aos nossos acionistas, clientes de carga útil, parceiros da Hakuto-R, autoridades governamentais e todos os apoiadores da ispace.”
Hakuto significa “coelho branco” em japonês. O programa, que inclui a missão anterior, recebeu o nome de uma história do folclore japonês sobre um coelho que vive na Lua. A letra R indica “reiniciar”.
De acordo com a ispace, o Resilience iniciou sua sequência de pouso às 3h13 da manhã de sexta-feira (horário do Japão), em linha com seu pouso programado para as 4h17.
Após reduzir sua altitude de aproximadamente 100 quilômetros para cerca de 20 quilômetros, o módulo de pouso acionou seu motor principal para iniciar a desaceleração. O módulo de pouso ficou escuro em seguida.
A empresa presume que o telêmetro a laser usado para medir a distância até a superfície lunar sofreu atrasos na obtenção de valores de medição válidos. Como resultado, o módulo de pouso não conseguiu desacelerar o suficiente e é provável que tenha realizado um pouso forçado.
O módulo de pouso foi lançado em um foguete da SpaceX em janeiro de 2025. Ele voou de forma estável, incluindo a conclusão bem-sucedida de uma órbita lunar em maio.
O módulo de pouso estava equipado com dispositivos como um aparato de cultivo de algas da startup japonesa de biotecnologia Euglena, e deveria conduzir experimentos usando um sistema de eletrólise de água lunar desenvolvido pela Takasago Thermal Engineering. A missão também deveria coletar solo lunar, ou regolito, que teria sido parte da primeira transação comercial de solo lunar do mundo, em colaboração com a Nasa, agência espacial dos Estados Unidos.
Em abril de 2023, a ispace tentou o primeiro pouso lunar privado do mundo, mas falhou pouco antes do pouso devido a uma leitura incorreta da altitude.
Desde então, startups americanas assumiram a liderança em pousos lunares do setor privado. O primeiro privado bem-sucedido foi realizado em fevereiro de 2024 pela Intuitive Machines, seguido pela Firefly Aerospace, em março de 2025.
Fundada em 2010, a ispace fabrica rovers lunares no Japão, Estados Unidos e Europa. Empresas como Sumitomo Mitsui Banking, Suzuki Motor e KDDI a apoiaram com financiamento e tecnologia. Em 2023, tornou-se a primeira startup espacial a ser listada no Mercado de Crescimento da Bolsa de Valores de Tóquio.
A empresa já planeja a terceira e a quarta missões de pouso lunar em 2027 ou posteriormente. Hakamada observou que há um interesse crescente em atividades lunares comerciais e disse: “Queremos ajudar a manter esse impulso.”
