A MRV&Co conseguiu reverter no terceiro trimestre o prejuízo líquido apresentado no mesmo período do ano passado. A holding, que reúne as operações de MRV, Luggo, Urba e Resia, apresentou lucro líquido atribuído aos controladores de R$ 87 milhões, ante prejuízo de R$ 12,7 milhões há um ano. O lucro líquido ajustado foi de R$ 111,1 milhões, comparável a R$ 17,3 milhões no terceiro trimestre de 2024.
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Ainda nos dados consolidados, a receita operacional líquida cresceu 17,9%, para R$ 2,88 bilhões. A margem bruta avançou 3,2 pontos percentuais, para 29,6%. A margem bruta ex-juros cresceu 3,3 pontos, para 33,1%.
No trimestre, a operação de incorporação nacional da MRV, com as marcas MRV e Sensia, contribuiu com R$ 154,4 milhões do lucro líquido, forte crescimento de 234,7%. A Urba, de loteamentos, obteve R$ 18,7 milhões, comparável ao prejuízo de R$ 7,5 milhões de um ano atrás.
“Foi mais um trimestre em que conseguimos mostrar como temos conseguido transferir a melhora operacional que foi feita e continua acontecendo”, afirma o diretor-financeiro, Ricardo Paixão, a respeito da operação de MRV e Sensia.
Já a Resia, operação norte-americana da MRV&Co, e a Luggo, de empreendimentos para locação, trouxeram prejuízo no período. Na Resia, o resultado ficou negativo em R$ 79,3 milhões, ante R$ 52,3 milhões de prejuízo há um ano. A Luggo reverteu ganho de R$ 991 mil e teve prejuízo de R$ 6,8 milhões de julho a setembro.
A operação brasileira da MRV&Co, com MRV, Luggo e Urba, apresentou dívida líquida de R$ 2,5 bilhões, alta de 5,5% em um ano, e um lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) anualizado de R$ 2,26 bilhões, avanço de 58,8%. Isso fez com que a relação de dívida líquida sobre Ebitda anualizado ficasse em 1,11 vez, ante 1,86 vez no terceiro trimestre de 2024.
Houve geração de caixa de R$ 14,2 milhões, ante R$ 124 milhões no mesmo período do ano passado.
A Resia, que anunciou um “impairment” (previsão de baixa ao valor recuperável) de US$ 144 milhões (R$ 761,5 milhões na cotação atual) em julho, apresentou dívida de US$ 743 milhões (R$ 3,9 bilhões), crescimento de 10,8% em um ano. A empresa vendeu terrenos avaliados em US$ 149 milhões (R$ 787,9 milhões) como parte do seu plano de desinvestimento, que visa atingir US$ 800 milhões (R$ 4,2 bilhões) em vendas até o final de 2026. “O mercado [americano] está em ritmo de retomada, deve melhorar mais para a frente, com mais corte de taxa de juros”, afirma Paixão, ressaltando que será preciso “dar uma acelerada” nas vendas no próximo ano, para atingir a meta.
O covenant de dívida da MRV&Co é de 0,65 vez. No segundo trimestre, a empresa se aproximou desse limite, ao atingir 0,60 vez. Já no terceiro trimestre, o valor caiu para 0,50 vez, destaca Paixão.
As atualizações no programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) devem beneficiar a companhia, segundo o executivo.
Foram anunciadas alterações no teto de preço de venda das unidades, nas faixas 1 e 2, e na curva de subsídio. Paixão lembra que cerca de 50% da operação da MRV atende essas faixas do programa. A empresa também atua na região Norte, que recebeu as maiores atualizações.
“Uma característica do programa e da atuação do governo tem sido a consistência na melhora dos parâmetros [do MCMV]”, afirma, ressaltando que mais mudanças são esperadas para os próximos meses, como uma revisão dos valores das faixas de renda.
A isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil é outro fator que deve favorecer o negócio no Brasil. “Boa parte dos nossos clientes tem essa renda, vai sobrar mais dinheiro para ele pagar a parcela do apartamento”, diz.
