Só se fala disso: inteligência artificial – do domínio das palestras do ultimo SXSW, até à profusão de novos gurus querendo monetizar o tema a todo custo e momento. Não quero aqui discutir a importância e o impacto das mudanças da IA nos negócios e na vida. Isso é fato, mas não é da minha competência. Nesse tema, apenas repasso uma frase que ouvi de um CEO de uma das maiores empresas brasileiras em um papo recente: é preciso saber separar ruído de sinal.
Como apaixonado por aumento de perfomance – minha e dos outros -, é lógico que acredito que o impacto da IA tem que ser considerado e pode ser utilizado contribuindo para uma performance superior dos líderes diariamente. Dentro do contexto do que, na prática, a IA pode fazer para melhorar minha performance como líder, trago aqui duas sugestões de aplicativos que já utilizo regularmente e dos quais colho benefícios:
PLAUD AI: descobri esse aplicativo por acaso quando estava em uma reunião com 12 pessoas e todo mundo já falava animadamente sobre o que seria discutido ali. Um pouco antes do encontro começar de fato, um diretor pediu a permissão de todos para gravar e tirou um dispositivo parecido com um cartão de crédito. Acabando a reunião, fui procurar aquele diretor para entender a que era aquilo.
Trata-se de um gravador de voz inteligente que utiliza IA para transcrever e resumir conversas, reuniões e chamadas telefônicas. Suporta 112 idiomas e oferece mais de 20 modelos de resumo profissional. Na ocasião, o diretor me mostrou a ata daquela reunião caótica com planos, conclusões e próximos passos que o dispositivo havia produzido com uma acuracidade impressionante.
Comprei na hora e comecei a usar imediatamente nas minhas reuniões de coaching. Inclusive, já indiquei para muitos CEOs, até porque muitos reclamam do tempo que gastam cobrando atas de reunião e tendo de checar se todas as discussões e decisões foram realmente capturadas.
Manus AI: um presidente precisava vender um investimento de CAPEX de US$ 100 milhões para a matriz em uma reunião de conselho. No entanto, ele queria mostrar algo diferente das apresentações tradicionais de PowerPoint frias e entupidas de informações – até mesmo porque o investimento não era óbvio e precisava de pitadas emocionais e dramáticas no pitch.
Nerd que era, descobriu no YouTube o Manus AI, um assistente que transforma ideias em ações, podendo realizar tarefas como planejamento de viagens, criação de apresentações, análise de dados e até desenvolvimento de aplicativos, tudo de forma autônoma. Essa descrição comprovei na prática olhando aquele pitch bem diferente que ele me mostrou.
Já um outro CEO que também está construindo a próxima fase de sua carreira como escritor pediu ao Manus para revisar seu próximo livro. Na missão, solicitou um texto muito impactante e que prendesse o leitor nos primeiros capítulos. O Manus propôs novos títulos e rearranjou a ordem dos capítulos. O CEO acatou a ideia e convenceu a editora a fazer as modificações.
Eu mesmo já utilizei o Manus na cocriação de um programa de times de alta performance encomendado por um CEO recém-chegado a uma grande empresa. O resultado é, realmente, espantoso.
Acredito que, enquanto líderes, devemos considerar a IA para potencializar processos das empresas e nossos. Mas, jamais podemos esquecer que não devemos terceirizar nossa essência, insights e ideias, além de valorizar as interações com nossos times. Assim, continuaremos praticando o nosso papel: levar times e organizações a outros patamares de performance, procurando gerar valor pra todos os stakeholders nessa jornada.
Sérgio Chaia é coach de CEOs e de treinadores de atletas de alto rendimento. Atua em conselhos e faz mentoria. Foi CEO da Nextel e da Sodexo Pass.