Gilberto Leite | Estadão Mato Grosso
Estudo do Banco Central divulgado nesta quinta-feira (25/9) demonstra que a atividade das plataformas digitais no Brasil, tanto no transporte de passageiros quanto nos serviços de entregas, reduziu o índice de desocupação e contribuiu para o aumento da força de trabalho no país, o que resultou em “efeitos positivos sobre os principais indicadores” da economia.
Considerando dados da PNAD/IBGE entre 2015 e 2025, os técnicos do BC calcularam que a população ocupada no país cresceu cerca de 10%. Já o número de trabalhadores por aplicativos aumentou 170%, passando de cerca de 770 mil para 2,1 milhões, o que representa um crescimento na participação desses trabalhadores de 0,8% para 2,1% da população ocupada e de 0,5% para 1,2% da população em idade de trabalhar.
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Segundo o estudo, incluído no Relatório de Política Monetária do Banco Central, “o avanço foi impulsionado pelo surgimento de novas tecnologias e pelo baixo custo de entrada nesse tipo de atividade”. As análises indicam ainda que o trabalho por aplicativo não cresceu em detrimento às demais ocupações, pois a maioria das pessoas que ingressaram no setor “vem de fora da força de trabalho, sugerindo que essa nova forma de ocupação permite que algumas pessoas se vinculem mais ativamente ao mercado de trabalho”.
Para o Banco Central, “o advento do trabalho por meio de plataformas digitais representa uma mudança estrutural no mercado de trabalho”. “O crescimento extraordinário da quantidade de trabalhadores por aplicativos resultou em elevação do nível de ocupação e da taxa de participação, além de uma redução da taxa de desocupação.”
O relatório conclui que, em um dos cenários analisados, os impactos estimados até o segundo trimestre de 2025 foram um aumento de 0,8 ponto percentual no nível de ocupação e uma redução de 0,6 ponto percentual na taxa de desocupação.
Para a Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec), o novo estudo corrobora os dados divulgados recentemente pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), que apurou um total de 2,2 milhões de pessoas trabalhando como motoristas e entregadores por meio de aplicativos no Brasil. De acordo com a pesquisa, entre os fatores que levaram ao aumento do número de trabalhadores na atividade estão o crescimento dos rendimentos, a flexibilidade de horários e a competitividade da remuneração em relação a outras ocupações.
André Porto, diretor executivo da Amobitec, afirma que os resultados demonstram como a dinâmica do setor de aplicativos beneficiam a economia como um todo. “É importante preservarmos esse impacto positivo no mercado de trabalho com uma regulamentação equilibrada, que possa oferecer maior proteção social para os profissionais, assim como segurança jurídica para as empresas.”