Mato Grosso saltou de 3.836.399 para 3.893.659 habitantes no último ano, registrando crescimento populacional de 1,48% no período, segundo o IBGE.
Os números mostram a estabilização em todas as faixas populacionais dos 142 municípios, e que nos pequenos não há sinais de crescimento, o que mantém o desnível social entre as grandes e as 70 pequenas cidades que formam a base territorial mato-grossense.
No entanto, alguns tiveram aumento de moradores acima da média estadual. No bloco dos 10 maiores, Cuiabá com 691.875 cresceu 1,30%, mas o melhor desempenho do grupo foi o de Lucas do Rio Verde, com 95.792 habitantes e taxa de crescimento de 3,70% seguido por Sinop, com 223,89 residentes e taxa de 3,47%. Cáceres, com 91.767 permaneceu estabilizado.
Mato Grosso tem algumas conurbações que modificam o extrato populacional. Cuiabá e Várzea Grande concentram 1.010.797 habitantes que correspondem a 25,96% da população. Barra do Garças, Pontal do Araguaia e Aragarças (GO), com 18.602 habitantes formam um núcleo urbano com 98.736 residentes.
Alto Araguaia e Santa Rita do Araguaia (GO), com 5.765 moradores, são cidades siamesas, e juntas têm uma população de 23.516 cidadãos. Peixoto de Azevedo e Matupá são cidades bem próximas; Nortelândia e Arenápolis, também; e na divisa com Goiás, Torixoréu fica ao lado de Baliza (GO).
Todas preservam suas identidades e praticamente não oferecem serviço público compartilhado. Ou seja, em meio ao coletivo as prefeituras vizinhas agem de costas uma para a outra. O mosaico populacional não sofre mudança significativa há mais de uma década.
Na composição do grupo dos 10 maiores, o que mais se destaca é a saída de Alta Floresta, que caiu para o 13º lugar, e o crescimento de Lucas do Rio Verde, que ocupa a oitava colocação.
Entre os pequenos, Araguainha permanece em último lugar, e no período caiu de 1.006 para 997 habitantes.
Araguainha é o quarto município brasileiro menos populoso, no ranking liderado por Serra da Saudade, em Minas Gerais, com 856.
Quando da publicação do último censo do IBGE, o ex-prefeito de Araguainha, na divisa com Goiás, Osmari Azevedo, encontrou uma justificativa para a pequena população.
Segundo ele, moradores de sua cidade trabalham no terminal ferroviário da Rumo Logística em Alto Araguaia e no comércio em Rondonópolis, e que os recenseadores obviamente não os encontraram.
Porém, agora, Osmari não achou argumento para contestar, por tratar-se de estimativa com base em cruzamentos de dados, e essa mostrou que ao invés de aumentar a população foi reduzida em nove cidadãos.
Para Antônio Leite, pecuarista e ex-prefeito de Tesouro, no polo de Rondonópolis, falta o “toque de sensibilidade” para o crescimento; seu município tem 2.935 habitantes, 72 anos de emancipação, a sede está interligada à malha rodoviária pavimentada e a produção agrícola registra números positivos.
O “toque” seria uma política pública que estimule investidores e atraía novos moradores, com a isenção tributária sobre alguns serviços como a energia elétrica, telefonia fixa e outros.
O chororô de Antônio Leite é o mesmo do cacique Kanela João da Vitalina, que exerceu três mandatos de vereador por Luciara, no Vale do Araguaia, município com 2.616 habitantes.
O cacique João da Vitalina observa que a população de seu município aumentou em 25 cidadãos, de 2024 para o ano em curso.
“É estimativa, mas o IBGE tem base para estimar, porque cruza os dados do governo com o cartório e o TRE. Não reclamo quanto ao número, mas lamento porque é no nosso município que o Araguaia é mais belo e não temos nenhuma política para o turismo tradicional e para o etnoturismo nas nossas aldeias ao lado do rio Tapirapé”, desabafa.
O líder Kanela também lamenta pelo isolamento de Luciara, que não tem acesso pavimentado e não é rota rodoviária.
“Se não houver mudança, vamos permanecer sempre como município pequeno visto por todos como dependente dos repasses da União e do Estado”, conclui.
PRINCIPAIS MUNICÍPIOS – Incluindo Cuiabá, Mato Grosso tem seis municípios com população acima de 100 mil habitantes: Cuiabá (691.875), Várzea Grande (318.922), Rondonópolis (263.708), Sinop (223.780), Sorriso (124.665) e Tangará da Serra (114.603).
GRANDES MUNICÍPIOS – Mato Grosso tem 10 municípios com população entre 40 mil e 99 mil habitantes: Primavera do Leste (96.006), Lucas do Rio Verde (95.792), Cáceres (91.767), Barra do Garças (73.878), Nova Mutum (63.455), Pontes e Lacerda (55.762), Alta Floresta ((52.158) Campo Novo do Parecis (51.722), Campo Verde (49.053) e Juína (48.396).
MÉDIOS MUNICÍPIOS – Mato Grosso tem 10 municípios de porte médio para seu padrão populacional: Confresa (38.460), Juara (36.089), Peixoto de Azevedo (32.754), Sapezal (32.514), Água Boa (32.099), Colíder (32.054), Guarantã do Norte (31.209), Poconé (31.203), Querência (31.100), Jaciara (29.803),Barra do Bugres (29.406), Paranatinga (28.870), Canarana (28.324, Mirassol D’Oeste (27.637), Aripuanã (26.558), Colniza (26.026), Nova Xavantina (25.915), Poxoréu (25.103), Diamantino (22.623) e Matupá (21.959).
MUNICÍPIOS INTERMEDIÁRIOS – São 36 municípios de porte intermediário: Vila Rica (19.686), Chapada dos Guimarães (19.458), Pedra Preta (18.946), Comodoro (18.469), São José dos Quatro Marcos (17.721),Brasnorte (17.645), Alto Araguaia (17.751), Vila Bela da Santíssima Trindade (17.592), Santo Antônio de Leverger (16.839), Nova Olímpia (16.204), Campinápolis (15.808), Nobres (15.796), Tapurah (15.638),Rosário Oeste (15.041), Araputanga (14.805), São Félix do Araguaia (14.604), São José do Rio Claro (14.455), Nova Bandeirantes (14.340),Alto Garças (13.956), Porto Alegre do Norte (12.649), Paranaíta (12.079), Alto Taquari (11.877), Nova Canaã do Norte (11.734), Nossa Senhora do Livramento (11.658), Juscimeira (11.622), Marcelândia (11.355), Arenápolis (10.769), Vera (10.758), Terra Nova do Norte (10.591), Ribeirão Cascalheira (10.541), Feliz Natal (10.523), Carlinda (10.260), Guiratinga (10.252), Porto Esperidião (10.088),Juruena (10.057) e Cotriguaçu (10.030).
PEQUENOS MUNICÍPIOS – Com 70 municípios registrando população inferior a 10 mil habitantes, e todos sem acentuado ritmo de crescimento, é possível entender a amplitude do “toque de sensibilidade” citado por Antônio Leite.
A economia agrícola mato-grossense tem perfil exportador, o que a deixa desonerada pela Lei Kandir.
Sem receita de tributos municipais suficiente, as prefeituras dependem dos repasses federais, mesmo com seus municípios figurando entre os principais produtores de commodities como Santa Rita do Trivelato, Santo Antônio do Leste e Campos de Júlio.
Um dos indicadores econômicos para se conhecer a realidade do município é a renda per capita.
A brasileira é de R$ 42.207,52, a mato-grossense de R$ 47.700,88.
A renda per capita de Campos de Júlio é de R$ 455.838,10 e a de Santa Rita do Trivelato, de R$ 343.161,27.
Estado em expansão e diversificação econômica, Mato Grosso recebe grandes projetos que refletem nos municípios.
A expansão da Ferrovia Senador Vicente Emílio Vuolo para Cuiabá, e para Nova Mutum e Lucas do Rio Verde contemplará Dom Aquino tributariamente com o embarque no terminal que a Rumo Logística constrói naquele município, com capacidade para 10 milhões de toneladas anuais a partir de 2026.
Porém, por sua localização distante 15 km de Primavera do Leste, aquele município será beneficiado com a movimentação das carretas do modal rodoferroviário e com a moradia do pessoal que será lotado no terminal, uma vez que Dom Aquino é bem mais distante.
Os pequenos municípios por ordem decrescente: Campos de Júlio (9.946), Tapurah (9.895), Nova Ubiratã (9.760), Gaúcha do Norte (9.397), Cláudia (9.301), Apiacás (8.693), Ipiranga do Norte (8.658), Nova Monte Verde (8.470), Itanhangá (8.257), Bom Jesus do Araguaia (7.912), Dom Aquino (7.890), Jauru (7.881), Santa Terezinha (7.737), Alto Paraguai (7.525), Pontal do Araguaia (7.441), Jangada (7.413), Castanheira (7.392), Novo São Joaquim (7.239), Barão de Melgaço (7.137), Nova Lacerda (7.072), Denise (6.675), Cocalinho (6.495), Novo Mundo (6.368), General Carneiro (6.319), São José do Xingu (6.234), Alto Boa Vista (5.920), Nortelândia (5.890), Boa Esperança do Norte (5.877), Santa Carmem (5.795), Porto dos Gaúchos (5.705), Apiacás (5.693), Curvelândia (4.970), Acorizal (4.948), Lambari D’Oeste (4.662), Nova Nazaré (4.575), Nova Guarita (4.546), Nova Maringá (5.705), Curvelândia (4.970), Nova Santa Helena (4.502),Canabrava do Norte (4.451), Santo Antônio do Leste (4.244), Rio Branco (4.440), São Pedro da Cipa (4.250), Torixoréu (4.238), Araguaiana (4.005), Conquista D’Oeste (3.908), União do Sul (3.904), Nova Brasilândia (3.791), Nova Marilândia (3.731), Salto do Céu (3.657),Santa Rita do Trivelato (3.536), Rondolândia (3.518), Planalto da Serra (3.328), Novo Horizonte do Norte (3.267), Porto Estrela (3.141),Figueirópolis D’Oeste (3.056), Tesouro (2.935), Santa Cruz do Xingu (2.904), Vale de São Domingos (2.892), Ribeirãozinho (2.733),São José do Povo (2.716), Luciara (2.616), Santo Afonso (2.416), Glória D’Oeste (2.378), Indiavaí (2.172), Ponte Branca (2.098), Novo Santo Antônio (2.041), Reserva do Cabaçal (2.020), Serra Nova Dourada (1.941) e Araguainha.