Resumo
- Novo chip B30A usará arquitetura Blackwell, terá design de pastilha única e deve ser enviado a clientes chineses em setembro de 2025.
- Modelo busca substituir o H20, limitado pelas restrições dos EUA e criticado por especialistas ligados à mídia estatal chinesa.
- Nvidia enfrenta acusações de Pequim sobre backdoors e pressão de Washington para manter controle sobre exportações de tecnologia.
A Nvidia está desenvolvendo um novo chip dedicado à inteligência artificial e voltado à China. O componente identificado como B30A usaria a arquitetura Blackwell e seria mais potente que o H20, mas com apenas metade da capacidade computacional do B300, mais avançado e vendido no resto do mundo.
A informação foi obtida pela Reuters junto a duas pessoas que tiveram acesso aos planos. A Nvidia disse à agência de notícias que “avalia vários produtos para seus planos para que possa estar preparada para competir dentro das permissões dos governos”.
Recentemente, a empresa ficou no fogo cruzado entre Estados Unidos e China. De um lado, a Nvidia foi acusada por Pequim de colocar backdoors em seus produtos. Do outro, Washington teme que os EUA possam perder a liderança em inteligência artificial caso empresas chinesas tenham acesso a um hardware mais potente.
Como seria o novo chip da Nvidia?


Antes de mais nada, vale dar um pouco do contexto. O chip H20 usa a arquitetura Hopper, que é mais antiga. Ele também não é o mais potente da Nvidia — esse posto é ocupado pelo B300.
No entanto, o H20 foi projetado especificamente para o mercado chinês, como forma de driblar restrições impostas pelos EUA a modelos mais avançados. Especialistas ligados à mídia estatal chinesa já criticaram publicamente o modelo, dizendo que ele não é ecológico nem avançado.
Dito isso, o novo chip, que tem o codinome B30A, usaria a arquitetura Blackwell, a mesma empregada no B300. Por outro lado, ele teria um design de pastilha única, como são chamados os produtos em que todos os principais componentes estão em uma única peça de silício. O B300 usa um projeto de pastilha dupla, mais avançado.
Como resultado, o B30A deve entregar cerca de metade da capacidade computacional do B300. Segundo as fontes consultadas pela Reuters, as primeiras amostras devem ser enviadas para clientes chineses testarem o produto em setembro de 2025.
Quais são as questões envolvendo chips da Nvidia?
A Nvidia está no meio das tensões comerciais, tecnológicas e geopolíticas entre Estados Unidos e China.
Nos últimos anos, desde o governo de Joe Biden, Washington limitou o acesso da China a tecnologias desenvolvidas por empresas americanas, por questões de segurança nacional e como forma de impedir a concorrência estrangeira. Em abril de 2025, as exportações chegaram a ser completamente proibidas, em meio ao tarifaço.
A Nvidia fez um esforço para convencer o governo americano a liberar as exportações, argumentando que 13% das receitas geradas no último ano vieram das vendas para a China. Além disso, a proibição poderia acelerar o desenvolvimento de tecnologias nacionais, vindas de empresas como a Huawei.
Por fim, o governo de Donald Trump sinalizou uma liberação das exportações, com o pagamento de uma taxa de 15% das receitas obtidas. Mesmo assim, congressistas democratas e republicanos querem que haja mecanismos de rastreamento dos chips vendidos para fora.
Do lado da China, existe o questionamento sobre a segurança dos chips H20. Pequim acusou a empresa de colocar backdoors em seus produtos, que teriam capacidade de rastreamento de localização e de desligamento automático. Por isso, o governo aconselhou empresas locais a não comprarem o hardware.
Com informações da Reuters