Diante das recentes declarações do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a possibilidade de taxar produtos brasileiros, volta à pauta a importância das relações comerciais entre o Brasil e os EUA.
No entanto, dados mostram que, no caso de Mato Grosso, essa relação não é tão estreita assim.
Segundo levantamento divulgado nesta semana pela página Brasil em Mapas, apenas 1,5% das exportações de Mato Grosso em 2023 tiveram como destino os Estados Unidos. Apesar de ser uma das economias mais relevantes do mundo, os EUA não figuram entre os principais parceiros comerciais do estado.
Esse cenário, no entanto, não representa uma fragilidade, mas sim uma estratégia. Ao contrário de estados como o Pará — que destinou cerca de 45% de suas exportações aos EUA —, Mato Grosso consolidou sua balança comercial em torno de outro parceiro: a China.
O gigante asiático foi o principal destino das exportações mato-grossenses no ano passado, respondendo por mais de 40% do total embarcado, o equivalente a mais de 12 bilhões de dólares.
A soja lidera as vendas, refletindo o papel de Mato Grosso como maior produtor da oleaginosa no mundo. Como principal consumidor global de soja, a China tem garantido uma demanda contínua e em larga escala, o que explica sua posição de destaque nas relações comerciais do estado.
Já os Estados Unidos, embora sejam um parceiro importante em diversas áreas, também são grandes produtores de soja e milho, o que os coloca como concorrentes diretos de Mato Grosso nesse setor, e não necessariamente como um mercado-alvo.
A baixa dependência comercial em relação aos EUA evidencia a autonomia econômica de Mato Grosso, que construiu ao longo dos anos uma rota própria no comércio exterior, voltada especialmente para o mercado asiático.
Essa tendência revela transformações mais amplas na geopolítica do agronegócio e reforça o papel do estado como um dos principais protagonistas do setor no Brasil e no mundo.
