Sinop, 27/09/2025 02:41

Queimadas no Cerrado ameaçam produção agropecuária

As queimadas no Cerrado trazem prejuízos para o meio ambiente, a população e setores importantes da economia, como a agropecuária. Este é o assunto do quarto e último episódio da série especial Cerrado Sem Fogo.

Em diferentes estados, agricultores relatam perdas na produção agrícola e iniciativas de prevenção têm buscado conter os danos em todo o Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piuaí e Bahia).

No Tocantins, imagens impressionantes mostram lavouras que foram atingidas pelo fogo em Monte do Carmo. Caminhões-pipa e trabalhadores rurais se mobilizaram, ao mesmo tempo, animais fogem do fogo de grandes proporções.

“É um desespero total. O agro é diretamente impactado pelo fogo. Há perda da matéria orgânica do solo e quebra de até 30% na produção”, afirma o produtor rural Dari Fronza.

Capacitação no combate ao fogo

No Oeste da Bahia, pilotos agrícolas receberam treinamento para apoiar no combate aos incêndios.

“O curso de pilotos onde nós formamos mais de 50 pilotos agrícolas, ele faz parte de um conjunto de ações efetivas no sentido de preparar a região para esse momento, em que acontecem o maior número de incêndios florestais. A gente chama de frente integrada de combate aos incêndios, formadas por produtores rurais, corpo de bombeiros, defesa civil e outros órgãos ambientais, além disso, ambém faz parte dessa ação treinar pessoas, treinar brigadas”, explica Eneas Porto, gerente de sustentabilidade da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba).

Funcionários tentam debelar incêndio em uma fazenda na região de Formosa do Rio Preto (BA) | Imagem: Reprodução/Redes Sociais

Para a presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Luís Eduardo Magalhães (SPRLEM), Greice Kelly, a conscientização é essencial:

“E a gente também trabalha muito com isso, porque quando você descobre o foco do fogo, ele é mais fácil de combater no início. É importante ficarmos atentos, avisar as autoridades, comunicar os fazendeiros uns com os outros, para irem no início já combater, porque aí evita um monte de outros problemas, mas o mais importante de tudo é a conscientização.”

Além disso, Davi Schmidt, vice-presidente do Sindicado dos Produtores Rurais de Barreiras (SPRLEM), também destaca que é um período crítico para agricultores e pecuaristas:

“Seja para o pecuarista ou para o agricultor, é um período muito crítico que a gente se preocupa com qualquer sinal de fumaça que está vindo”, disse.

Nesse sentindo, Schmidt alerta “que muitas vezes, ou na maioria das vezes, se não todas, começa no Cerrado. Normalmente ali na beira de estradas, onde o pessoal é mal acostumado, acaba jogando algum resíduo ou uma bituca de cigarro ou lixo mesmo e acaba gerando essa combustão.”.

Comunidades em alerta

Em Barreiras (BA), comunidades rurais também enfrentaram incêndios recentes. O produtor Rusio Silva de Souza contou que foi necessário unir esforços para conter as chamas: “Nos juntamos com sopradores e usamos fogo contra para conter. Ainda assim, o incêndio voltou com o vento.”

Em 30 dias, desde o início das gravações do Cerrado Sem Fogo, de 21 de agosto a 21 de setembro, os estados do Matopiba registraram 9.737 mil focos de queimadas. Os dados são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

  • Maranhão: 4.283 focos
  • Tocantins: 2.530 focos
  • Piauí: 1.408 focos
  • Bahia: 1.516 focos
Queimadas no Cerrado ameaçam produção agropecuária, fogo, incêndios florestaisQueimadas no Cerrado ameaçam produção agropecuária, fogo, incêndios florestais
Imagem: Guilherme Soares/Canal Rural Bahia

Novas resoluções

No dia primeiro de setembro deste ano, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima publicou a resolução COMIF 03-2025, que define critérios técnicos para prevenção e combate a incêndios em imóveis rurais.

Em outras palavras, Caroline Nóbrega, diretora da Aliança da Terra, explica os detalhes da legislação que reforça a responsabilidade coletiva:

“Essa legislação está pautada na lógica da responsabilidade coletiva frente aos incêndios florestais. Isso significa que não basta provar que não foi responsável pelo início do fogo. Mesmo que não seja responsável, um proprietário ainda pode ser autuado por omissão”, destaca Nóbrega.

Segundo ela, as novas resoluções indicam que um produtor que tenha a propriedade atingida pelo fogo, precisará provar que atuou de forma preventiva para reduzir o risco do fogo no local, destacando que atuou de forma rápida para combater o incêndio.

“A resolução COMIF 03-2025 lista uma série de medidas preventivas que em breve passarão a ser obrigatórias, desse modo,algumas exigências dependem do tamanho da propriedade, mas outras medidas preventivas passam a ser obrigatórias independente do tamanho, como, por exemplo, obrigatoriedade de receber treinamento por parte dos proprietários e dos funcionários. Em alguns casos, a elaboração de planos de manejo integrado de fogo e planos de prevenção e combate aos incêndios florestais passam a ser obrigatórias”, explica a diretora.

Responsabilidade compartilhada

Para a presidente da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), Alessandra Zanotto Costa, a sociedade também precisa colaborar.

“Você não precisa ser produtor rural para fazer a sua parte. Não coloque fogo no mato, não jogue bitucas de cigarro nas estradas ou no cerrado, não faça fogueiras, nem deixe lixos ou cacos de vidros mal acondicionados. Você também é parte da solução para os problemas das queimadas.”, destaca Zanotto.

Por fim, as ações de combate e conscientização são vistas como fundamentais para proteger o Cerrado, um dos biomas mais importantes e ameaçados do Brasil.

Episódios anteriores

Assista aos episódios anteriores da série de reportagens produzidas pelo Canal Rural Bahia:


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