Sinop, 16/08/2025 14:43

Sabia que o Alasca já foi da Rússia? Relembre a compra que mudou o mapa do mundo | Mundo

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deve se reunir com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, nesta sexta-feira (15), na esteira das negociações por um acordo de cessar-fogo russo com a Ucrânia, com quem está em guerra há três anos. O palco escolhido para o encontro histórico entre os líderes das duas potências é o Alasca, que já foi da Rússia, e hoje pertence aos Estados Unidos.

A região não faz divisa com os estados americanos, mas sim com o Canadá. De acordo com o governo americano, o estado está a apenas 85 km da Rússia, ao considerar as extremidades mais próximas.

O atual governador do Alasca, Mike Dunleavy (Partido Republicano), publicou no X que saúda o encontro entre o Trump e Putin no estado. O político afirma que o Alasca é o local mais estratégico do mundo e que é uma “ponte entre nações e uma porta de entrada para a diplomacia”.

Quando o Alasca se tornou russo

Quem descobriu que a região que hoje compreende-se como o estado do Alasca não estava conectada à Rússia foi o dinamarquês Vitus Berig, em uma de suas primeiras expedições pelo estreito que leva seu nome, em 1728 — a tripulação percebeu que havia passagem, mas não pôde ver o Alasca por conta da forte neblina. O desembarque naquelas terras, porém, veio anos depois, na expedição de 1741.

“O Império Russo assumiu o controle sobre o Alasca principalmente após a expedição do explorador dinamarquês, a serviço do Império Russo, Vitus Bering [o nome do Estreito de Bering é uma homenagem ao navegador]. A partir daí, o império consolidou a sua presença na região”, explica Sidnei J. Munhoz, doutor em história pela USP e autor dos livros “Impérios na História” (2009) e “Guerra Fria: História e Historiografia” (2020).

A partir daí, o império russo criou no local postos de comércio e assentamentos que tinham como o principal produto peles de animais para fabricação de roupas. Na época, as peles de animais eram um artigo de destaque na moda europeia, como um indicador de prestígio e poder aquisitivo.

Munhoz afirma que houve, inclusive, a criação de uma empresa, fundada em 1799 e extinta 1862, que monopolizava o comércio de peles no Alasca, e tinha direitos exclusivos sobre o produto. Neste processo, houve conflitos por conta da exploração da mão de obra dos povos nativos.

Antes mesmo dos russos, o Alasca já era ocupado por povos originários como os aleutas, tingit, haida e koyukon.

A compra do Alasca pelos Estados Unidos

No século XIX, houve uma combinação de fatores que culminou na venda do território para os americanos, de acordo com Munhoz.

O primeiro deles foi o enfraquecimento econômico da monarquia russa durante esse período, devido à derrota do país na Guerra da Crimeia, travada contra uma aliança composta pelo Reino Unido, França e Império Otomano, entre 1853 e 1856. Esse revés dificultou a gestão do Alasca pelo governo russo.

Outra motivação foi a política expansionista adotada pelos Estados Unidos desde a sua independência, no século XVIII, especialmente em relação aos territórios do Pacífico.

Munhoz afirma que, nesse contexto, a nação americana estava prestes a se tornar uma potência econômica e militar, o que poderia representar uma ameaça de confronto com o império russo caso não firmasse a venda do Alasca.

Dessa forma, a Rússia vendeu o território aos americanos em 1867 por US$ 7,2 milhões, à época, marcada por uma negociação pacífica. O historiador conta que o governo americano enfrentou críticas diante dessa aquisição, pois alegava-se que a região era “apenas gelo”.

“Houve muita oposição e tumulto em relação à compra do Alasca pelos EUA, pois opositores do governo afirmavam que o país estava a comprar um bloco de gelo sem valor algum. O presidente Andrew Johnson, e o secretário de Estado William Henry Seward foram duramente criticados.”

Do ‘icebox’ ao ouro e petróleo

Após a compra, os russos deixaram o território de forma pacífica e gradual. Segundo Munhoz, foi oferecida cidadania a quem quisesse permanecer, e alguns aceitaram. Já as populações originárias continuaram na região, servindo como mão de obra para o governo americano.

De acordo com o escritor, inicialmente o território foi ocupado por militares americanos, e posteriormente houve uma grande mudança do local, com a descoberta de ouro e petróleo no final do século XIX.

“Em 1957, foi perfurado o primeiro poço relevante no local, no rio Swanson, e poucos anos depois foi descoberta uma grande reserva de petróleo, em Prudhoe Bay, no norte do Alasca. Já nos anos 70, houve a construção do Oleoduto Trans-Alasca , que intensificou-se a exploração e a produção de petróleo na região”, declara Munhoz.

Em janeiro de 1959, os Estados Unidos definiram oficialmente o Alasca como um estado — antes já era de domínio americano, porém sem uma representação política oficial. Durante a Guerra Fria, a região passou a ser de vigilância intensa dos Estados Unidos, pelo local estratégico de proximidade com a Rússia.

A partir da década de 1980, o estado passou a desenvolver intensamente a indústria do turismo, que hoje se consolida como um dos pilares da economia local, ao lado do petróleo, da mineração e da pesca, atividades que continuam em operação.

Em área, o Alasca é o maior estado do país, com 1.723.337 km² — mais que o dobro do Texas, segundo colocado —, de acordo com a Encyclopedia Britannica. Em termos populacionais, o Alasca ocupa a 47ª posição entre os 50 estados dos Estados Unidos, com aproximadamente 740 mil habitantes, segundo estimativa mais recente do governo americano, de julho de 2024.

*Estagiários sob supervisão de Diogo Max

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