A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal começa na terça-feira (9) a analisar a ação penal contra seis investigados apontados como integrantes do chamado “núcleo 2” da articulação golpista que buscou reverter o resultado das eleições de 2022. Se condenados, eles podem enfrentar penas de prisão, perda de cargos e mandatos, além de ficarem impedidos de disputar eleições. A execução das sanções só ocorre após o trânsito em julgado.
Quem são os réus
O grupo é formado por ex-assessores do governo federal, militares da reserva e ex-dirigentes de órgãos de segurança:
- Filipe Garcia Martins Pereira, ex-assessor especial de Assuntos Internacionais da Presidência;
- Mário Fernandes, general da reserva e ex-secretário-geral da Presidência;
- Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal;
- Fernando de Sousa Oliveira, delegado da Polícia Federal e ex-executivo da Secretaria de Segurança Pública do DF;
- Marcelo Costa Câmara, coronel da reserva e ex-assessor presidencial;
- Marília Ferreira de Alencar, ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça.
Acusações
O Ministério Público aponta cinco crimes relacionados às investidas para subverter a ordem constitucional:
- organização criminosa, pela suposta participação em grupo estruturado com divisão de tarefas;
- abolição violenta do Estado Democrático de Direito, por tentar restringir o funcionamento de poderes constituídos;
- golpe de Estado, ao buscar depor o governo legitimamente eleito;
- dano qualificado, envolvendo destruição de patrimônio público mediante violência;
- deterioração de bem tombado, por prejuízos causados a itens protegidos por lei.
As condutas teriam sido praticadas no contexto dos atos que culminaram na depredação das sedes dos Três Poderes, em Brasília.
O que está em jogo no STF
Após meses de coleta de provas, depoimentos e análises técnicas, a Turma vai decidir se condena ou absolve os réus. Caso sejam absolvidos, o processo é encerrado. Em caso de condenação, os ministros ainda deverão fixar as penas e determinar eventuais consequências administrativas e civis, como:
- pagamento de valores referentes aos danos materiais e morais coletivos;
- perda de funções públicas ou mandatos quando a pena superar quatro anos de prisão.
Esses efeitos não são automáticos: precisam estar expressamente definidos no acórdão.
Repercussões políticas e militares
Uma condenação definitiva implica suspensão dos direitos políticos, o que impede tanto o voto quanto a possibilidade de candidatura. A Lei da Ficha Limpa também prevê oito anos de inelegibilidade após o cumprimento da pena para condenados por organização criminosa.
No caso dos dois militares réus, uma sentença superior a dois anos pode levar à perda de posto e patente, decisão que cabe ao Superior Tribunal Militar.
O julgamento é considerado um dos capítulos mais relevantes do processo que busca esclarecer responsabilidades e definir punições relacionadas às ações golpistas de 2022.
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