A decisão do governo dos Estados Unidos de aplicar uma tarifa adicional de 40% sobre produtos brasileiros — elevando o imposto de importação para 50% — acendeu o alerta na indústria mato-grossense. A medida, assinada nessa quarta-feira (30) pelo presidente norte-americano Donald Trump, entra em vigor no próximo dia 6 de agosto e atinge diretamente as exportações do estado, especialmente os produtos industrializados, que correspondem a cerca de 90% das vendas de Mato Grosso ao mercado americano.
Segundo a Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), cinco dos seis principais produtos exportados pelo estado foram incluídos na nova taxação. Apenas o ouro ficou de fora. Carne bovina, gelatina, gordura animal (sebo), soja e madeira perfilada estão entre os itens que agora enfrentarão maior dificuldade de acesso ao competitivo mercado dos EUA.
Esses seis produtos concentram 98% das exportações de Mato Grosso para o país norte-americano. Ao todo, 41 dos 54 produtos exportados foram afetados pela nova tarifa — o que representa 76% do total comercializado. Em 2024, as exportações mato-grossenses para os Estados Unidos somaram US$ 415 milhões, sendo que os itens agora taxados respondem por US$ 266 milhões, ou 65% do valor total.
A Fiemt demonstrou preocupação com os impactos imediatos da medida e destacou o protagonismo da indústria estadual no cenário internacional. Em nota, a entidade ressaltou que decisões unilaterais, como essa, comprometem a previsibilidade, a segurança jurídica e a confiança nas relações comerciais entre os países.
“A indústria de Mato Grosso trabalha com base em inovação, qualidade e competitividade. Temos buscado ampliar nossa presença internacional de forma sustentável e com agregação de valor”, afirma a nota da federação.
O decreto executivo de Trump justifica a imposição da tarifa por uma “emergência nacional”, citando supostas ações do governo brasileiro que estariam prejudicando empresas americanas, direitos civis nos Estados Unidos e interesses da política externa e da economia do país. O documento também menciona o que chama de “perseguição politicamente motivada” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, como parte das razões para a medida.
A Fiemt informou que segue mobilizada, em articulação com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e autoridades brasileiras, buscando alternativas e soluções para reduzir os impactos da nova barreira comercial.