O Fundo Monetário Internacional (FMI) afirmou nesta terça-feira que, se a ameaça do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre os produtos do Brasil se confirmar, a atividade econômica do país deve ser ainda mais impactada do que as previsões atuais feitas pela entidade.
“Nossa avaliação preliminar mostra que as tarifas adicionais sobre o Brasil levariam a uma desaceleração mais acentuada do que a projetada atualmente”, afirmou Petya Koeva Brooks, vice-diretora do Departamento de Pesquisa do FMI, em entrevista coletiva para comentar os números do relatório Perspectivas da Economia Mundial (WEO, na sigla em inglês), divulgado hoje.
Ao atualizar o relatório, o FMI manteve a previsão de crescimento de 2,3% para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil neste ano, estimativa divulgada no último dia 17 de julho, quando o Fundo concluiu a revisão do artigo IV, uma análise anual mais ampla sobre o estado da economia brasileira. Em relação ao WEO de abril, a projeção de expansão do PIB foi elevada em 0,3 ponto percentual, em parte devido ao bom desempenho da produção agrícola, segundo Brooks.
A vice-diretora do Departamento de Pesquisa do FMI ressaltou que só será possível avaliar com precisão o impacto da tarifa de 50% de Trump sobre o Brasil quando houver mais detalhes sobre a medida. As previsões atuais do Fundo já incorporam outras taxas anunciadas pelo governo americano, como a alíquota de 50% cobrada sobre o aço e o alumínio, válida para todos os países.
“Os produtos que poderão ser afetados por essa tarifa [adicional] constituem de 1,1 a 1,4 ponto percentual do PIB”, afirmou Brooks, ressaltando que 11% das exportações brasileiras têm os EUA como destino. “Alguns dos riscos que enfatizamos [no relatório] estão relacionados à possibilidade dessas tarifas serem impostas”.
No último dia 9 de julho, Trump disse que o Brasil seria taxado em 50% por “práticas comerciais ilegais” e pela “caça às bruxas” a que, segundo ele, a Justiça brasileira estaria promovendo contra Jair Bolsonaro. O ex-presidente é réu em processo do Supremo Tribunal Federal (STF), acusado de ser o líder de uma tentativa de golpe de Estado com o objetivo de impedir a posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva.
Diferentente do que diz Trump, os Estados Unidos mantêm um superávit na balança comercial com Brasil há vários anos. Ainda assim, no momento, são baixas as perspectivas de que o Palácio do Planalto consiga reverter a ameaça feita pelo presidente americano, que diz que as tarifas começarão a ser cobradas na sexta-feira.